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Áudio mostra Aécio dando bronca em Perrella por declaração "escrota"

Perrella se gabou em entrevista por não estar na lista do Janot, lamentando “mar de lama” no Brasil

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No dia 13 de abril, dois dias após a queda do sigilo da delação da Odebrecht, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) ligou para o senador Zezé Perrella (PMDB-MG), seu aliado, para criticar uma declaração que Zezé fez à rádio Itatiaia, de Minas Gerais. Na ocasião, Zezé afirmou que o país atravessava “um mar de lama” e acordava “estarrecido” com a lista de Janot. Zezé não está na lista. Aécio, que está na lista, então ligou para Zezé e afirmou: “Poucas vezes eu vi uma declaração tão escrota”, em relação às declarações do aliado.

O diálogo foi grampeado pela Polícia Federal e divulgado pelo STF. Na conversa, Aécio também diz à Perrella que a campanha dele foi financiada da mesma forma que a do tucano. ”A tua [campanha] foi [financiada] exatamente como a minha e do Anastasia”.

Aécio e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) são suspeitos de receber dinheiro via caixa 2 da Odebrecht. Nesta sexta-feira (26), a PF revelou ter encontrado no apartamento do tucano, no Rio, um documento com a anotação “cx 2”.

>> Delação da JBS revela crédito de R$ 100 mi em propina para campanha de Aécio em 2014

“Você acha que nós agimos como esses caras aí? Estão misturando financiamento de campanha com essa roubalheira que fizeram no Brasil. E você tá fora [da lista de Fachin] ótimo. Acho maravilhoso”, complementou Aécio.

Aécio também cobrou solidariedade do aliado. “A não ser, Zezé, que a sua campanha foi financiada na lua, ou pela [empresa de] semente lá sua, ou pela quentinha do Alvimar. Nossa campanha foi a mesma, Zezé”, afirmou.

A expressão “quentinha do Alvimar” refere-se à empresa de Alvimar Perrella, irmão de Zezé, a Stillus Alimentação. A companhia foi denunciada pelo Ministério Público em 2014 por suspeita de participação em esquema de fraude em licitações de fornecimento de comida a presídios em Minas Gerais.

Na conversa grampeada, Perrella sugere a Aécio que a declaração foi um modo de rebater as acusações que recebia. Em 2013, o helicóptero da empresa de sua família foi apreendido com mais de 400 kg de cocaína: “Qual a maneira que eu encontrei de rebater… Essas coisas que eles falam de mim do helicóptero até hoje”, disse Perrella.

À rádio Itatiaia, o peemedebista também afirmou ter recebido cumprimentos de amigos por não estar na relação de investigados. “Como se isso não fosse obrigação das pessoas de bem”, afirmou.