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Em meio à crise, Temer se reúne com senadores do PMDB

Sandro Mabel, assessor do presidente, entregou carta de demissão 

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O presidente Michel Temer está reunido com senadores da bancada de seu partido, o PMDB. Entre os presentes está o presidente da Casa, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Não foi registrada a presença dos senadores Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Kátia Abreu (TO), Roberto Requião (PR) e Zezé Perrela (MG).

A reunião da bancada peemedebista com o presidente foi organizada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá. O Planalto não informou a pauta da reunião, mas a expectativa é de que, entre os assuntos, estejam as matérias de interesse do governo em tramitação no Senado, caso da reforma trabalhista, e as repercussões das denúncias contra o presidente Temer, após a delação da JBS.

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Sandro Mabel pede demissão do governo

O ex-deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO) entregou uma carta de demissão ao presidente Michel Temer por volta das 22h desta terça-feira (23). A justificativa foi que ele teria solicitado saída ainda em dezembro, mas que Temer teria feito um apelo pela permanência do peemedebista. Na semana passada, o MPF em Goiás requisitou à Polícia Federal a instauração de inquérito contra Mabel, para apurar supostos ilícitos ocorridos em 2010, envolvendo ex-executivos da Odebrecht.

De acordo com investigação, ex-executivos da construtora relataram pagamentos feitos, supostamente para doação de campanha, a Mabel, quando este concorria a uma vaga de deputado federal. O valor teria sido de R$ 100 mil, pagos por meio de recursos não contabilizados, mas registrados no sistema informatizado da construtora de pagamentos ilegais. Os ex-executivos da Odebrecht informaram ainda que Mabel teria recebido mais R$ 140 mil ainda em 2010.

Em carta enviada a Temer, Mabel diz que deixa o cargo por motivos familiares e de negócios, de acordo com planos que já teriam sido informados ao presidente em dezembro do ano passado. "No início de dezembro passado expliquei que precisava voltar pra casa como havia prometido à minha mulher e aos meus filhos, mas atendi a seu pedido para que ficasse mais 120 dias. Novamente em fevereiro lhe reafirmei a minha necessidade de realmente retornar à minha casa e reassumir meus negócios."

Quatro assessores e as investigações 

Na véspera, foi a vez de outro assessor direto de Temer, Tadeu Filippelli, deixar o cargo, preso pela Polícia Federal na Operação Paratenaico, investigado por fraudes nas licitações das obras de reconstrução do Estádio Nacional Mané Garrincha. O Diário Oficial da União desta quarta-feira (24) publicou a exoneração de Filippelli. 

Mabel é o quarto integrante da assessoria especial de Temer a deixar o cargo. Antes dele e de Filippelli, José Yunes foi afastado, em dezembro, depois de ter sido citado na delação do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho; e Rodrigo Rocha Loures foi afastado do mandato na semana passada, após decisão do STF. 

Tadeu Filippelli é investigado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro e ainda de associação criminosa. De acordo com a investigação, ele é suspeito de ter sido beneficiado com o superfaturamento das obras do estádio.

Segundo o juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Vallisney de Souza Oliveira, que autorizou a prisão, o assessor fez diversos pedidos de propina para a Andrade Gutierrez. Tendo por base informações obtidas na PF, o juiz diz que a reforma do estádio causou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão à Terracap, empresa pública do Governo do Distrito Federal (GDF), cujo capital é formado da seguinte forma: 51% do GDF e 49% da União.

Vallisney de Souza disse também que a licitação foi executada e concluída sem que os órgãos competentes tivessem realizado ao menos um estudo de viabilidade econômica.

O próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal e Territórios (TCDFT) já havia constatado um superfaturamento de cerca de R$ 900 milhões, em valores atualizados. A reconstrução do Mané Garrincha foi estimada inicialmente em R$ 690 milhões, mas acabou custando cerca de R$ 1,5 bilhão, o que fez com que o estádio se tornasse o mais caro entre os 12 que receberam os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Além de Filippelli, foram presos nesta terça-feira, na mesma operação da PF, os ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda. Eles estão na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde ficarão detidos por cinco dias, prazo da prisão temporária que pode ser renovado por mais cinco.

Com Agência Brasil