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'Não tenho a menor vontade de ser candidato se o Lula for', diz Ciro Gomes

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Ciro Gomes (PDT-CE) disse em entrevista à Folha de S. Paulo que "tem que olhar para o futuro, se Lula é candidato ou não". "Não tenho a menor vontade de ser candidato se o Lula for. Menos em homenagem a ele e mais porque a tendência é ele polarizar o processo", apontou, reforçando que também não será "vice [presidente] de ninguém" 

Ciro destaca, contudo, que "a candidatura do Lula [neste momento] desserve a ele e ao país". "Na melhor das hipóteses, ganha e projeta essa confrontação odienta que está rachando o país. Mas a probabilidade de polarizar e perder é muito alta."

Ciro também chamou João Doria de "farsante", falou sobre um "exibicionismo" de Sergio Moro, e reforçou o caráter "golpista" do governo de Michel Temer.

Para ele, Michel Temer "além de ser essa coisa constrangedora de chefe de quadrilha, sendo um velho e notório malversador de dinheiros públicos, virou chefe de um governo de patetas". "Em 1995, escrevi um livro com Mangabeira Unger. Está lá que devíamos ter voto distrital misto, lista fechada e financiamento público de campanhas. Evidentemente que hoje não posso aceitar que essas ideias sejam feitas pelo expediente golpista dos canalhocratas querendo escapar da severidade do voto popular."  

Em outro momento da entrevista, falou sobre Sérgio Moro, questionado sobre o juiz da Lava Jato. "O exibicionismo midiático, ir ao Facebook agradecer o apoio de todos, as gravatinhas borboletas em todo tipo de solenidade, a confraternização descuidada com possíveis réus, a fraude com a gravação da presidente – o que nos EUA é considerado traição e gera até pena de morte, só para ter a relativização dessa leviandade. Isso tudo semeia a semente de matar essa coisa importante que seria a Lava Jato, que ainda pode ser o momento de virada na impunidade. Mandar prender um blogueiro, tem uma coisa patológica nisso. Não falo com prazer, falo com dor. Operação Satiagraha? Anulada inteira. Daniel Dantas, culpado de tudo? Tá com atestado de inocente."

Questionado sobre o fato de ter dito que prefere mil vezes o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) ao prefeito de São Paulo, João Doria, respondeu: "Antes eu perguntei se, entre os dois, vale morrer. Dito isso, prefiro um cara tosco e franco a um farsante. Conheço [Doria] de longuíssima data. O antipolítico, o empresário... Tem dois probleminhas básicos. Doria foi chefe da Embratur no governo Sarney. Saiu debaixo de muitas irregularidades no Tribunal de Contas da União e foi violentamente criticado por uma propaganda do turismo brasileiro com bundas de mulher na praia, estimulando claramente o turismo sexual. A segunda coisa: Doria reforçou muito a grande fortuna dele, do liberal, com dinheiro público dos governos do PSDB de Minas e SP, por exemplo."

Ainda sobre Bolsonaro, Ciro ainda aponta que o deputado "presta ao país um serviço, pois esse eleitorado do antipetismo se concentrava todo no PSDB". "Esse pensamento [do deputado Bolsonaro] sempre existiu. O que fez foi sair do armário, pela debacle do PT. Nós do mundo progressista deixamos parte da população imaginar que nosso apreço aos direitos humanos parece contemporizar com a impunidade. Há pessoas que imaginam soluções toscas, que veem muita verdade em 'bandido bom é bandido morto'."

Ciro também comenta sobre o desempenho de Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto, que apontam que ela venceria Lula no segundo turno. "Veja, Marina é uma boa pessoa. Mas não tem visão administrativa. Hostiliza, no simbólico, o agronegócio, a mineração. Evidentemente nada autoriza nenhum deles a nenhum tipo de abuso. Mas o descuido da Marina com a vida real faz com que ela apresente, como sua única proposta que conheço concreta, uma aberração, que é a independência do Banco Central."