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'The Wall Street Journal: Governo brasileiro critica operação "Carne Fraca" para tentar conter danos

Polícia Federal manteve informação divulgada na sexta

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Matéria publicada nesta quinta-feira (23) pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal conta que o governo do Brasil está lutando para proteger a indústria de carnes, tentando convencer os mercados locais e globais de que os frigoríficos acusados de pagar subornos aos inspetores de em um escândalo de corrupção o fizeram para agilizar a saída de seus produtos. 

A reportagem afirma que subornos a inspetores sanitários e outras violações aconteceram em 21 fábricas de várias empresas. A Polícia Federal acrescenta que funcionários corruptos emitiram documentos de saneamento falsos ou permitiram a venda de carne podre, sendo que alguns lotes podem ter ido para os lucrativos mercados estrangeiros.

O diário diz que mesmo assim,  na tentativa de limitar os danos causados pela indústria, funcionários do governo do presidente Michel Temer estão agora criticando duramente a operação policial do caso e dizendo que os funcionários corruptos da empresa que fizeram recompensas o fizeram apenas para acelerar as licenças. Eles alegam que as empresas que foram acusadas de transgressão não venderam carne contaminada.

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"A polícia não encontrou nada contra a qualidade da carne brasileira", disse Luis Rangel, chefe de qualidade de saneamento do Ministério da Agricultura, em entrevista nesta quarta-feira. 

"O que a polícia pensou que era um problema é realmente legal e seguro."

Rangel disse que enviou cartas para a China, Chile e outros países que suspenderam temporariamente a carne bovina brasileira, abordando suas preocupações sobre a segurança das proteínas animais que exporta, descreve o Journal. O governo também enviou documentação à Organização Mundial do Comércio afirmando que os sistemas de controle de qualidade nas fábricas brasileiras de carne são sólidos.

A polícia federal, que realizou uma investigação de dois anos sobre a indústria de embalagens de carne e atacou mais de 100 pessoas, manteve a informação divulgada na sexta-feira (17). Trinta e oito mandados de prisão foram emitidos e 77 pessoas foram levadas para interrogatório, entre elas inspetores e funcionários das empresas de frigoríficos. O Ministério da Agricultura disse que suspendeu 33 trabalhadores, fala o noticiário.

Funcionários da polícia, que na sexta-feira (17) disseram que as empresas de carne sob investigação "não se preocupam com a qualidade da carne ou comida" que venderam, se recusaram nesta semana a dar entrevistas e disseram que o caso está sob sigilo, acrescenta o periódico.

WSJ ressalta que um comunicado conjunto com o Ministério da Agricultura emitido na terça-feira (21), a polícia disse que "os fatos referem-se a atos ilícitos diretamente relacionados a alguns servidores (civis) e não significam que todo o sistema de inspeção sanitária esteja comprometido".

O juiz que supervisionou a investigação, Marcos Josegrei da Silva, disse em uma entrevista que apenas uma pequena parcela de processadores de carne foi alvo. O Brasil tem mais de 4.800 empresas deste setor.