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Governo federal autoriza Força Nacional nas ruas de Vitória, no Espírito Santo

Com greve da PM, prefeitura suspendeu aulas e fechou unidades da saúde

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O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, autorizou o envio da Força Nacional para o Espírito Santo, para auxiliar no policiamento na cidade de Vitória. Serão enviados 200 homens da Força a Vitória. Eles deverão chegar à cidade no início da noite desta segunda-feira (6).

Desde domingo (5), o ministro vem acompanhamento o problema na cidade. Conversou com o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, e com o governador em exercício do Espírito Santo, Cesar Colnago. Nas duas conversas, o ministro colocou-se à disposição para auxiliar na solução do problema.

>> Opinião - Espírito Santo e o processo de convulsão

A prefeitura de Vitória suspendeu o início do ano letivo na rede municipal na manhã desta segunda-feira (6), devido à falta de policiamento nas ruas. Além das escolas e das faculdades particulares que também não devem funcionar, as unidades de saúde ficarão fechadas. A vacinação contra a febre amarela está temporariamente suspensa até o fim do protesto dos familiares de policiais militares.

A Polícia Militar paralisou suas atividades na madrugada de sábado (4). Manifestações são realizadas em Vitória, Guarapari, Linhares e Aracruz, Colatina e Piúma. A reivindicação é por reajuste salarial, pagamento de auxílio-alimentação e adicionais noturno e por periculosidade e insalubridade. Os manifestantes ainda denunciam condições precárias de trabalho. Os familiares dos policiais protestam no lugar dos agentes, já que pelo Código Penal Militar eles não podem fazer greve ou paralisação. Eles se concentram nas portas dos quartéis, impedindo a saída dos agentes.Na manhã desta segunda-feira, o governo do Espírito Santo trocou o comando da Polícia Militar e pediu o apoio do Exército.

Com a falta de policiamento, o clima de insegurança se instala. Um ônibus foi incendiado, uma guarita da PM foi queimada e há relatos de arrastões e assaltos a lojas.

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, as negociações com os policiais militares estão suspensas enquanto eles não voltarem ao trabalho.

Protestos

As manifestações de familiares começaram na sexta-feira (3), quando 12 mulheres, familiares de militares se reuniram em frente à 6ª Companhia, no bairro de Feu Rosa, na Serra, e fecharam a saída de viaturas.As manifestações se estenderam para outros batalhões durante o fim de semana e, segundo a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS), já atingem todos os batalhões do estado.

Salário defasado

Segundo a ACS, o salário base de um policial no estado é R$ 2,6 mil, enquanto a média nacional chega a R$ 4 mil, "o pior salário do Brasil" e sem aumento salarial há anos. “Cansadas desta situação e de presenciar o estresse dos companheiros que, mesmo com o pior salário do país, saem para o serviço e cumprem com eficiência a missão que lhe é dada, elas resolveram reivindicar. Estas mulheres resolveram falar e elas representam a voz de todos os policiais militares neste momento”, informou a associação.

O diretor Social e de Relações Públicas da ACS, Thiago Bicalho, disse que o movimento de mulheres foi espontâneo e que a associação está colaborando na interlocução com o governo do estado. “Mas o governo não quer dialogar. De forma equivocada e arbitrária disse que enquanto as mulheres não saírem não vão dialogar. E as mulheres estão batendo o pé que não vão sair”, disse.

Bicalho contou que o fim de semana no Espírito Santo foi “um inferno”, com aumento de criminalidade, com homicídios, arrombamentos, assaltos e arrastões. “Estamos lutando para que isso acabe. Agora o que precisávamos é dialogar”, disse.

Ajuda federal

O governo do Espírito Santos solicitou apoio do governo federal para retomar o policiamento. Segundo o secretário de Segurança Pública, André Garcia, durante o fim de semana o estado negociou com os ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Defesa o envio das Forças Armadas e da Força Nacional. “Agora estamos ultimando o procedimento para que as forças sejam imediatamente disponibilizadas para o estado”, disse em comunicado.

Garcia disse ainda que a justiça concedeu liminar declarando a ilegalidade do movimento, a necessidade de desobstrução de todos os quarteis e unidades da polícia. Também foi feita a substituição do Comando Geral da Polícia Militar, que será comandada pelo coronel Nilton Rodrigues. “Ele assume o comando com a missão de restabelecer a ordem e disciplina e continuar conversando com os policias com a premissa fundamental de colocar policiamento na rua”, disse.

Com Agência Brasil