Na tentativa de retomada do controle da penitenciária estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, uma delegada de Polícia Civil e um oficial da Polícia Militar mantiveram conversas com criminosos. "Nós os procuramos e dissemos que os conflitos tinham que parar, que não iríamos mais permitir confrontos dentro de Alcaçuz", disse o secretário de Segurança Pública e Defesa do Rio Grande do Norte (Sesed), Caio Bezerra.
Os negociadores teriam recebido reivindicações dos presos para avaliar a possibilidade de atendê-los. Um dos pedidos seria a transferência dos cinco detentos identificados como chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para uma penitenciária federal.
A negociação com presos por parte da PM começou na segunda-feira (16), quando homens do Batalhão de Choque entraram em Alcaçuz e debelaram, por algumas horas, a rebelião iniciada na tarde do sábado (14).
Na tarde de quarta-feira, tropas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) entraram no presídio de Alcaçuz para dar início à triagem de cerca de 200 presos ligados à facção 'Sindicato do RN', que seriam transferidos para o Presídio Estadual de Parnamirim (PEP).
Na terça-feira, os presos haviam voltado a ocupar os telhados das unidades do complexo. Segundo a Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania (Sejuc), o clima no local era tenso, mas as forças policiais estavam retomando o controle do estabelecimento pouco a pouco.
Desde o último fim de semana, os presos já ocuparam os telhados da unidade pelo menos três vezes. A primeira, no fim de semana, quando a rebelião que deixou 26 mortos começou e grupos rivais passaram a se hostilizar, cada qual sob o telhado de um pavilhão. A segunda ocupação ocorreu na manhã de segunda-feira (16), depois que as forças policiais deixaram o interior da unidade. O Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) foi acionado e voltou à área no início da tarde de segunda-feira. Pouco depois, os presos desceram do telhado.
De acordo com a Sejuc, após uma noite sem registro de novas ocorrências, um grupo de presos voltou a subir ao telhado pela terceira vez. Mesmo com a presença de tropas policiais especiais no interior da penitenciária, a volta da situação à normalidade era demorada, pois o processo de retomada das dependências segue protocolos de segurança rígidos e os policiais avançam pouco a pouco.
"Governo tem o controle"
O governador do estado, Robinson Faria, negou na terça-feira (17) que a situação estivesse fora de controle no presídio. "O governo tem o controle. Tanto tem que conseguimos tirar os líderes do PCC", disse, ao citar que não houve mortes de policiais, agentes penitenciários ou reféns. "A briga ficou restrita entre o PCC e o Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte", completou.
Ainda segundo Faria, o papel dos homens da Força Nacional deslocados para a penitenciária é garantir a segurança da população e evitar fugas de presos, sem adentrar as instalações de Alcaçuz. Para ele, a entrada de forças de segurança no local neste momento poderia gerar mais mortes e "um novo Carandiru". "Temos que evitar que isso aconteça", concluiu.
Retaliação e vingança
Durante coletiva de imprensa, o governador avaliou que o ocorrido na Penitenciaria de Alcaçuz foi uma "retaliação" ou "vingança" à rebelião registrada no início do mês em um presídio no Amazonas. Ele disse que o país não pode ser "emparedado" por facções.
Faria também confirmou que há indícios de algum tipo de favorecimento que tenha permitido a rebelião na penitenciária de Natal. Ao final da entrevista, ele afirmou que agentes penitenciários e policiais que colaboram com a fuga de presos são "piores que bandido".