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'Bloomberg': Brasil quer seu próprio Donald Trump

Reportagem diz que eleição presidencial 2018 deve ter candidatos bem controversos

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A Bloomberg publciou em seu site nesta quarta-feira (18) uma matéria onde afirma que o Brasil caminha para eleger em 2018 um candidato similar a Donald Trump, que já participou do reality show The Apprentice, aclamado pela TV americana. 

Entre os potenciais candidatos para a presidência do país em 2018 figuram o ex-apresentador de O Aprendiz, a versão local do show. Tem também um congressista que postou em seu Twitter que a ditadura militar nos anos 70 errou quando torturou dissidentes; Deveria ter acabado de matá-los. Também tem o cirurgião plástico conhecido como Dr. Hollywood que, apesar de mal falar português deve concorrer ao cargo mais alto da nação. 

Por que não? O Brasil está desesperado por um líder "de fora da política", disse Jefferson Santos, um assistente de cozinha de 29 anos de Planaltina, uma das cidades mais pobres e violentas de Brasília. "O país é uma bagunça. Precisa de alguém para limpá-lo.

> > Bloomberg Brazilians Want Their Own Donald Trump

O desdém pelo governo como de costume vem crescendo há anos no Brasil, como em grande parte do resto do mundo. A economia entrou em sua recessão mais profunda registrada no início de 2015 - uma ressaca do boom de commodities da última década - e ainda não se recuperou. 

"O Brasil está passando por uma crise de representação - os eleitores não se sentem representados por seus políticos", disse Alessandro Janoni, chefe de pesquisa da Datafolha. As eleições municipais de três meses mostraram como as pessoas gostam pouco de suas escolhas: o voto obrigatório no Brasil, tendo assim um número recorde de votos brancos e nulos.

Os brasileiros fizeram demonstrações de estar fartos antes. Em 1988, o chimpanzé Macaco Tiao, morador do zoológico do Rio de Janeiro, ficou em terceiro lugar na eleição para a prefeitura, com 400.000 votos escritos. Em 2010, um palhaço de circo cujo nome artístico é Tiririca foi enviado ao Congresso com mais votos que qualquer outro legislador depois de concorrer com o slogan, "Não pode ficar pior!"

Mas o fez, e o humor nacional abriu a porta para um circo presidencial colorido, mesmo para os padrões brasileiros. "Todo mundo sabe que isso vai ser uma eleição louca", disse Oliver Stuenkel, professor assistente de relações internacionais na Fundação Getulio Vargas.

Bloomberg destaca que Lula, prestes a ser julgado por acusações de corrupção e lavagem de dinheiro que poderiam mandá-lo para a prisão por anos, tem a liderança em pesquisas recentes. Seguido de perto por Jair Messias Bolsonaro, um ex-pára-quedista do exército que representa o Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados desde 1990, mas se retrata como um outsider anti-establishment.

De fato, Bolsonaro comparou-se favoravelmente a Trump, dizendo que ambos são "explosivos", lembra Bloomberg em seu texto. Em 2015, ele postou uma foto dele mesmo em eu Instagram e Twitter fazendo flexões na praia vestindo apenas uma sunga, dizendo que ele estava se preparando para 2018.

O novo prefeito de São Paulo, João Doria Jr., também é muito popular, e muito rico, mas ao contrário de Bolsonaro não é fã do presidente eleito dos EUA: "Eu não me identifico com ele". Ele é ex-jornalista e proprietário de uma empresa de marketing, autor de vários livros de como ficar rico rapidamente, incluindo Success with Style e editor da revista Caviar Lifestyle. Ele apresentou O Aprendiz de 2010 a 2011, aponta a Bloomberg.

"Eu não sou um político", disse Doria no programa de TV Roda Viva após sua vitória. "Minha alma não é política. Eu não sou de direita nem de esquerda. Sou brasileiro".

Roberto Justus, milionário e apresentador do O Aprendiz de 2004 a 2009 e novamente na temporada 2013-2014, disse a imprensa brasileira que está considerando concorrer pela presidência do Brasil em 2018. Justus, 61 anos, fez seu dinheiro com relações públicas. Uma curta carreira de cantor resultou no álbum "Só Entre Nos (Just Between Us) em 2008, finaliz a Bloomberg.

 "Precisamos tirar a gestão do país das mãos dos políticos", disse ele em uma entrevista.