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'Le Monde': Justiça do Brasil caiu em sua própria armadilha

Reportagem diz que decisão sobre Renana foi "humilhante" e presidência é "disfuncional"

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Matéria publicada nesta quinta-feira (8) pelo jornal francês Le Monde avalia como "humilhante" a retratação da Justiça ao decidir manter Renan Calheiros na presidência do Senado. Para o diário a decisão só piora a crise vivida pelo país nesse momento, diante de um presidente visto como incapaz de restaurar a confiança dos brasileiros, falta de resultados no campo econômico e dos diversos escândalos que atingem os ministros de Michel Temer.

O diário avalia que a juíza Cármen Lúcia "entregou as armas" na quarta-feira (7). Sem poder punir Renan Calheiros, ela repudiou a atitude do senador de desrespeitar uma ordem da justiça. 

"Quem vira as costas a um oficial de justiça vira as costas ao poder Judiciário", disse a juíza, referindo-se à recusa do peemedebista de receber a notificação do STF sobre seu afastamento do cargo na segunda-feira (5).

> > Le Monde La justice brésilienne « piégée par son devoir de garantir la stabilité »

Na guerra entre o legislativo e o judiciário que assolou o Brasil nas últimas 48 horas, o clima é marcada pela angústia de uma nova crise política. A reportagem analisa que a estabilidade política adquirida tem um cheiro de enxofre. 

Monde acrescenta que Calheiros, chamado de "ladrão" por seus inimigos por causa de seu envolvimento em negociatas ilícitas recebeu o apoio de seus colegas contra o Judiciário, em particular contra os responsáveis pela "Lava Jato", investigação do escândalo da Petrobras com empresas de construção e obras públicas e uma série de líderes políticos.

Le Monde  considera a presidência "disfuncional" dada a quantidade de escândalos ocorridos desde a posse de Michel Temer.