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'Financial Times': Brasil clama por novas eleições

reportagem fala sobre legitimidade do governo Temer e impeachment de Dilma

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Matéria publicada nesta sexta-feira (23) pelo jornal britânico Financial Times conta que após três décadas que o Brasil saiu de uma ditadura militar e na sequência de dois impeachments de presidentes, o país se encontra profundamente dividido, pessimista e sem fé na própria democracia. 

Segundo a reportagem apenas 32 por cento dos brasileiros acreditam que a democracia é sempre o melhor sistema de governo, enquanto no ano passado eram 54 por cento.

Isto é preocupante, mas compreensível, observa o Financial Times, se referindo a amarga luta pelo poder que está paralisando Brasília desde a re-eleição de Dilma Rousseff como presidente em 2014. Embora a crise política tenha atingido seu clímax no final do mês passado, quando senadores votaram pela remoção de Dilma, a disputa parece estar longe do fim. 

O jornal britânico afirma que tecnicamente Dilma foi cassado por violar as leis orçamentais. Mas poucos cidadãos compreendem as acusações, creditando sua expulsão á crise economia e ao maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Estas questões levantam dúvidas sobre a legitimidade do processo. Joaquim Barbosa, ex-ministro do STJ do Brasil chamou a remoção de Dilma Rousseff de "espetáculo patético".

Financial Times destaca que o novo presidente do Brasil, Michel Temer, poderia até restabelecer a união no país, mas muitos na esquerda continuam insistindo em chama-lo de "golpista". Temer pertence ao PMDB, que se aliou a antiga oposição a Dilma. Para reduzir um déficit ele propôs o aumento da idade de aposentadoria para limitar os gastos com saúde e educação. A maioria dos analistas concorda que o Brasil deve começar a controlar suas finanças para que a economia volte a crescer novamente, mas estas medidas são mais drásticas do que qualquer proposta que sua oponente Dilma tenha realizado, e exigem pouco sacrifício dos mais brasileiros mais ricos.

Tudo isto significa que, com o impeachment de Dilma, a vontade popular foi cumprida apenas parcialmente, e de uma forma conveniente para a classe política do Brasil. Mas uma solução para esta desconexão pode ser encontrada entre os milhares que tomaram as ruas para protestar contra o governo Temer, carregando cartazes pedindo "Diretas Já". O jornal britânico lembra que se Temer renunciar até o final do ano, seriam realizadas novas eleições automaticamente.

Financial Times conclui que novas eleições não são suficientes para corrigir as falhas estruturais no sistema político do Brasil. Mas poderia servir para satisfazer a questão sobre a legitimidade de um governo pós-Dilma e deixa-lo confortável para instituir reformas necessárias para o país se recuperar da crise econômica.