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Senadores protocolam representação contra Eliseu Padilha e Grace Maria

Ministro demitido revelou intenção do governo Temer de "abafar" a Lava Jato

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Senadores protocolaram na tarde desta terça-feira (13), na Procuradoria-Geral da República, uma representação contra a Advogada-Geral da União, Grace Maria Fernandes Mendonça, e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para apuração do comportamento dos dois em relação à demissão de Fábio Medina Osório do cargo de advogado-geral da União pelo governo.

"As razões dessa representação são as denúncias do Sr. Fábio Medina, ex-AGU, de que o Sr. Padilha e o governo Temer atuou diretamente, está atuando diretamente, no sentido de paralisar as investigações da Operação Lava Jato", explicou o senador Randolfe Rodrigues (Rede) em vídeo divulgado nas redes sociais. 

Além do senador da Rede, entraram com representação a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), Humberto Costa (PT), Fátima Bezerra (PT) e José Pimental (PT).

Osório afirmou em entrevista divulgada neste final de semana que o governo de Michel Temer "quer abafar a Lava Jato" e tem "receio" sobre os próximos passos da Operação. "Não tenho dúvida. Fui demitido porque contrariei muitos interesses. O governo quer abafar a Lava Jato. Tem muito receio de até onde a Lava Jato pode chegar", disse o ex-ministro à revista Veja, na edição deste sábado (10). 

"Tenho certeza de que ele [Janot] vai abrir a investigação", disse Humberto Costa. "Afinal, ele mandou investigar Lula, Dilma e José Eduardo Cardozo [ex-ministro da Justiça] com base na delação premiada de um criminoso confesso, que responde a várias acusações sobre corrupção." "Certamente o PGR não vai ignorar a denúncia de uma pessoa ilibada como o ex-chefe da AGU."

A Bancada do PT no Senado vai requerer a convocação de Eliseu Padilha para explicar ao Senado a exoneração de Fábio Medina Osório do cargo. O partido também quer a convocação da sucessora de Medina, Grace Mendonça.

O ex-ministro entrou em conflito com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. De acordo com informações da Folha de S. Paulo, Padilha teria ficado incomodado com o pedido da AGU ao STF, por acesso a inquéritos de políticos envolvidos na Lava Jato -- ação que não teria sido comunicada à cúpula do governo. A intenção de Osório seria mover ações de improbidade e ressarcimento contra os políticos. Os inquéritos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do ex-presidente do PMDB Valdir Raupp (RO), são alguns dos que o STF autorizou acesso. 

Outra ação que aumentou as tensões entre Osório e Planalto foi a demissão de um dos adjuntos da AGU, Luís Carlos Martins Alves Júnior, que também defendia o afastamento da entidade dos inquéritos da Lava Lato. Osório também teve divergência com a agora líder da AGU, Grace Mendonça.

Em nota divulgada na tarde deste sábado (10), a AGU afirma que "diante das recentes notas e matérias em circulação na imprensa, a Advocacia-Geral da União, sob a condução da Ministra Grace Maria Fernandes Mendonça, vem reafirmar seu irrestrito compromisso com a missão constitucional que lhe foi atribuída na qualidade de função essencial à Justiça, destacando que as atividades institucionais continuarão pautadas pelos mais elevados princípios que norteiam a Administração Pública".