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Eliseu Padilha nega que o governo esteja tentando obstruir a Lava Jato

"Não há absolutamente nada de parte do governo que não seja estimular a Lava Jato"

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O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, negou nesta segunda-feira (12) que o governo esteja tentando obstruir a Operação Lava Jato. Ao ser questionado, durante evento em São Paulo, se o governo tinha intenção de parar as investigações, Padilha afirmou que o tema "é um tema de ontem". "Hoje, ontem e amanhã, não há absolutamente nada de parte do governo que não seja estimular a Lava Jato", afirmou.

O ex-ministro da Advocacia-Geral da União Fabio Medina Osório, demitido na sexta-feira (9), afirmou que o governo do peemedebista "quer abafar a Lava Jato" e tem "receio" sobre os próximos passos da Operação Lava Jato. 

>> 'Governo quer abafar a Lava Jato', diz ministro demitido a revista 

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"Não tenho dúvida [de que sua demissão está ligada a esse episódio]. Fui demitido porque contrariei muitos interesses. O governo quer abafar a Lava Jato. Tem muito receio de até onde a Lava Jato pode chegar", disse o ex-ministro à revista Veja, na edição deste sábado (10). 

Osório reforçou na entrevista que a "AGU tem a obrigação de buscar a responsabilização de agentes públicos que lesam os cofres federais".

"Quem fizer qualquer tipo de afirmação dessa ordem está querendo fazer com que o holofote da Lava Jato lhe dê um pouquinho de luz, só isso. Como mariposas, que querem chegar à luz que a Lava Jato tem”, disse Padilha, prosseguindo: "Os atores da Lava Jato, Política Federal, Procuradoria Geral da República e Poder Judiciário agem na plenitude e com absoluta independência e estímulo do governo."

Eduardo Cunha

Eliseu Padilha comentou ainda a votação da cassação do deputado Eduardo Cunha, marcada para esta segunda-feira. "O nosso presidente Michel Temer cultua a independência e harmonia dos poderes. O Poder Executivo não tem por que se envolver no Judiciário ou Legislativo", disse o ministro, acrescentando: "Mas, com relação a possíveis consequências, penso que o governo Temer se estabeleceu com uma base congressual de mais de dois terços do Congresso, e essa base sustentada por participação em ministérios importantíssimos."

"O presidente Michel fez com que o partido A, B, C ou D tivesse o compromisso com o governo, e esse compromisso é de mais de dois terços do Parlamento, em razão da sua participação", completou.

Previdência

O ministro também falou sobre a reforma da Previdência. Com o aumento no defícit da Previdência Social, o reforma é uma das prioridades do governo. As adequações poderão estabilizar o orçamento em 10 a 12 anos. Uma nova forma de financiamento para cobrir o defícit, segundo o ministro, sairá de outras rubricas do Orçamento, com exceção de saúde e educação.

“Não devemos trazer para o debate amplo nenhum tema que não seja reforma fiscal e da Previdência. Temos de conscientizar a população”, defendeu. Padilha citou os exemplos de outros países, onde a aposentadoria mínima está em torno dos 65 anos.

A reforma da Previdência começará pelos militares, que atualmente não integram o sistema previdenciário. “Ouvimos os militares, eles não tinham oposição à idade, na medida que tivessem as demais compensações dos outros servidores”, explicou o ministro.

Com relação aos trabalhadores rurais, o ministro afirmou que vem discutindo com várias lideranças uma forma para que esses segurados não sejam penalizados. Em 2015, a contribuição dos pequenos agricultores à Previdência foi de 2%, mas a participação chegou a 26%.

O ministro pediu paciência da população, já que é preciso reconhecer que o agricultor convive com a dificuldade da lavoura, sobretudo no Nordeste. “A participação [na Previdência] é quase simbólica, senão inviabilizamos a atividade deles”, disse Padilha.