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'Le Monde' critica "dramatização excessiva" dos brasileiros durante processo

Reportagem questiona se Michel Temer seria Maquiavel ou salvação

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Matéria publicada nesta quinta-feira (1) pelo jornal francês Le Monde fala sobre a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff.  

A reportagem fala que presidente não perdeu o mandato pelas pedaladas, mas pelo conjunto de problemas de seu governo e acrescenta que nem mesmo a dramatização da queda com a denúncia de um golpe de Estado e seu passado de resistência à ditadura militar foram suficientes para Dilma Rousseff obter qualquer tipo de gentileza por parte dos juízes.

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Le Monde diz em seu texto que o resultado da votação, 61 votos a 20, vai ao encontro do desejo de 60% dos brasileiros que queriam a destituição. O jornal afirma que o motivo principal da destituição foi a manipulação contábil, que teria permitido a Dilma mascarar a realidade do déficit no orçamento do país e assim obter sua reeleição em 2014.

O jornal francês diz que, na verdade foi o conjunto da política de Dilma que esteve no banco dos réus. Le Monde cita erros táticos, defeitos pessoais, sua incapacidade de governar com um Congresso hostil, assim como a ambiguidade permanente do Partido dos Trabalhadores, como um dos fatores que levaram a queda da primeira presidente mulher do Brasil.

Le Monde não deixa de ironizar um pouco todo o processo, apontando uma "dramatização excessiva" dos brasileiros. O jornal lembra que a advogada de acusação a Dilma, Janaína Paschoal, disse estar inspirada por Deus para salvar o país do sofrimento e que fazia tudo isso pensando nos netos de Dilma. Também lembra que o advogado de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, foi às lágrimas.

O Monde afirma que Michel Temer é tão impopular quanto sua antecessora. A boa notícia para os brasileiros é que seu novo presidente é apreciado pelos círculos financeiros, fator que pode beneficiar a economia do país, com a volta de investidores. Seu programa, no momento, é a de "corrigir", resume a sua equipe. Corrigir os erros alegadamente feitos pela presidente deposta que deixou um déficit.

Amargurado pelo discurso de Dilma Rousseff e seus aliados apresentando-o como um "usurpador", o jornal Le Monde descreve que Temer assumiu seu cargo na presidência após o impeachment e advertiu: "Os líderes do golpe são eles. Nós não vamos deixar este insulto prosperar".

Aos 75 anos, Michel Temer assumiu o cargo mais alto do poder brasileiro sem concorrer a eleições diretas, e participando do governo de Dilma como uma "peça decorativa". Seu partido está altamente ligado ao esquema de corrupção chamado Lava Jato e muitos comentam que a real motivação do impeachment foi justamente barrar as investigações, finaliza o Le Monde.