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'La Nacion': "Confirmação de Temer pode gerar impacto psicológico", diz Serra

Jornal entrevistou chanceler brasileiro, que ratificou viagem para Argentina

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Neste sábado (27) o jornal argentino La Nacion publicou uma entrevista com José Serra, ministro das Relações Exteriores do governo interino de Michel Temer.

Ao La Nacion Serra diz que mal  pode esperar o fim do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff para o Brasil virar a página e se concentrar em recuperar a confiança do mundo como um lugar seguro e atraente para investir e, assim, revitalizar a economia do país.

O chanceler brasileiro ressaltou ao La Nacion que a confirmação de Temer como presidente em vigor até ao final de 2018 terá um "impacto psicológico" sobre o país, e confirmou que o chefe de Estado irá realizar imediatamente uma série de viagens ao exterior, incluindo a Argentina.

> > La Nacion José Serra: "La confirmación de Temer generará un impacto psicológico"

"Os Jogos Olímpicos do Rio tiveram efeito positivo duplo. Foi um bom evento esportivo e contrariou as expectativas negativas, que foram muito forte, mesmo no Brasil. Esses dois fatores melhoraram a auto-estima do país", disse Serra disse ao jornal La Nacion em seu gabinete no Palácio do Itamaraty.

P.O que o governo fará para rebater as críticas de que o impeachment é um golpe parlamentar?

R. Trata-se de um processo parlamentar. Tudo foi supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal e, como se pode ver, o processo democrático está em vigor. As críticas serão diluídas gradualmente.

P. Então, qual a razão para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) questiona o governo de Temer?

R. O Congresso respondeu e deu explicações. O impeachment é um processo legal. O executivo não teve influência. Eu não acho que cabe a Comissão questionar. Trata-se de mais uma manobra política. O PT está lutando para permanecer no poder. Mas eu acho que, no fundo, a maioria dos petistas está feliz com a solução de três questões: o final do processo onde eles tem que explicar e defender as contradições do governo Dilma. Em segundo lugar, agora eles podem ser vítimas, e que a política democrática é através de votos. E em terceiro lugar, eles agora estão livres para apostar em uma política do quanto pior melhor, com a consciência limpa, com as suas propostas populistas. Para eles, é um alívio.

P. Com sua história de militância na esquerda e exilado durante a ditadura, o que você sente quando se coloca em seu lugar um representante da direita e acusado de golpe?

R. Eu vejo isso como uma piada. Longe de ser arrogante, eu posso voltar a me candidatar. Eu não sou melhor do que os outros, mas também, não sou pior do que ninguém.