O ex-senador Gim Argello caiu em contradição durante interrogatório ao juiz Sérgio Moro, na sexta-feira (26), e chegou a chorar diante do condutor da Operação Lava Jato. Argello foi preso em abril, durante na Operação Vitória de Pirro, desdobramento da Lava Jato.
Ele afirmou que os políticos que integravam a CPI Mista da Petrobras, em 2014, não tinham a intenção de ‘prejudicar’ empreiteiros que formaram cartel de propinas na estatal petrolífera. Argello é acusado de cobrar e receber propinas de ao menos R$ 5,3 milhões de empreiteiros para evitar o depoimento deles nas duas CPIs da Petrobras, uma no Senado e uma mista no Congresso, em 2014.
Ao ser questionado por Moro sobre a não convocação dos empreiteiros com os quais teria acertado a proteção, Argello afirmou que a CPI Mista adotou uma medida mais severa, ao final dos trabalhos, indiciando ‘todos eles’.
“No final indiciamos todos eles”, afirmou Argello, que diante de Moro leu o relatório final da CPI Mista e citou os nomes de todos os indiciados, sem se dar conta que da lista não constavam executivos como o ex-presidente da Andrade Gutierrez e delator Otávio Azevedo e o sócio da Engevix, José Antunes Sobrinho – ambos relataram que, naquele ano, Gim Argello cobrou repasses de empreiteiras, inclusive em forma de doações a partidos de sua chapa, em troca de proteção na CPI.
Ao cair na contradição, o ex-parlamentar mudou de assunto e afirmou que ninguém escutou dele ‘promessa alguma’.
Moro indagou Argello se ele não via problema em sua abordagem com os empresários.
Moro: O sr não via nenhuma impropriedade?
Argello: Excelência vi sim, agora, e se o sr me perguntar não vou lhe mentir hora nenhuma
Moro: Onde o sr errou?
Argello: Errei no dia, final de outubro, novembro, quando o sr prendeu todo mundo eu devia ter ido no microfone e declarado que recebi doação deles.”
“Não sabia naquela época que eles (empreiteiros) eram envolvidos com Petrobras, acho que ninguém sabia, sem ser o senhor ou o Ministério Público, sobre esse clube de propina, essa roubalheira que eles fizeram na Petrobrás”, disse Argello. Ao final de seu depoimento, o ex-senador, aos prantos, disse que sempre defendeu a Lava Jato e que não era desonesto.