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Queiroz Galvão representa 'toda espécie de crime' da Lava Jato, diz procurador

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A força-tarefa da Operação Lava Jato concedeu coletiva na manhã desta terça-feira (2), para explicar os detalhes da 33ª fase da Operação Lava Jato, chamada Resta Um, com foco em dirigentes e funcionários da Queiroz Galvão e do consórcio Quip S/A. Para o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a Queiroz Galvão representa "todos os pecados, todas as espécies de crime" da Lava Jato.

Tais crimes seriam os pagamentos via caixa 1, caixa 2, corrupção efetiva através de Alberto Youssef, manutenção de funcionários no exterior e obstrução de investigações, como na CPI de 2009, por meio do tucano Sérgio Guerra.

Os investigadores frisaram que os pagamentos seriam para a campanha do ex-presidente Lula em 2006, mas depois apontaram que há uma série de doações eleitorais, por intermédio de Alberto Youssef, com o envolvimento de "três ou quatro parlamentares" que, contudo, não são alvo desta operação. Segundo a delegada Renata da Silva Rodrigues, a investigação sobre doações eleitorais da campanha de 2006 ainda está em andamento.

>> PF deflagra 33ª fase da Lava Jato, com foco na construtora Queiroz Galvão

Das 32 ordens judiciais, dois mandados não foram cumpridos, de acordo com o delegado Igor Romário de Paula. O ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanoide de Moraes Filho foram presos preventivamente. Eles comandavam o esquema de propinas na empresa. Os dois chegaram a Curitiba no final da tarde. Moraes ainda teria um posto no grupo Queiroz Galvão, mas Ildefonso Colares Filho teria se desligado.

Sobre o nome dado a nova fase da Lava Jato, "Resta Um", uma referência à investigação do papel da Queiroz Galvão -- a última das maiores empresas identificadas como parte integrante da chamada “Regra do Jogo” --, a delegada Renata da Silva Rodrigues afirmou que ele não significa que a operação esteja perto do fim. Ela garantiu ainda que as declarações sobre corrupção na construtora foram corroboradas por provas documentais.

A delegada disse que houve propina disfarçada em doações eleitorais, contratos simulados com Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, entre outros, em movimentações financeiras "bastante impressionantes". Houve pagamento de propina na Diretoria de Serviços de Petrobras, sob a chefia de Pedro Barusco.

Conforme destacou a delegada, a equipe contou com a ajuda de um vídeo "revelador" da CPI, que mostra o modus operandi dos investigados na intenção de obstruir as investigações.

Durante a coletiva, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima destacou que ainda resta muito a ser feito pela Lava Jato, e que o dia de todos os investigados "vai chegar". Lima contou que houve dificuldades na investigação da Queiroz Galvão, mas que hoje os trabalhos estão maduros.

A procuradora Jerusa Burmann Viecili, por sua vez, ressaltou que o fato de a Queiroz Galvão já ter se envolvido em casos anteriores de corrupção mostra como é "falho" o sistema de justiça criminal brasileiro.

De acordo com os investigadores, a Queiroz Galvão movimentou pelo menos R$ 7,5 milhões em doações eleitorais, mais contratos de R$ 250 mil,  um contrato de R$ 1,2 milhão e um contrato simulado de R$ 500 mil. Os pagamentos a Pedro Barusco ainda não foram totalmente rastreados, mas já foram identificados R$ 24 milhões para Renato Duque, de 2010 a, pelo menos, 2013. 

Com o consórcio Quip, ao esquema movimentou pelo menos US$ 900 mil. A delegada Renata da Silva Rodrigues apontou que a Quip era uma "continuação" da Queiroz Galvão para serviços de propina e lavagem de dinheiro.