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Zelotes: presidente do Bradesco e mais nove viram réus 

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A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e outras nove pessoas foi aceita pela Justiça Federal de Brasília. Com a decisão, Trabuco se tornou réu na ação penal proposta pelo MPF. O grupo é suspeito de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Zelotes. 

Em relatório de indiciamento contra executivos do Bradesco, realizado no dia 31 de junho, a Polícia Federal afirma que o presidente do banco, Luiz Trabuco, era informado por seus subordinados das ações ilícitas realizadas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). As informações são da Folha de S. Paulo.

De acordo com a PF, a organização criminosa integrada pelo ex-conselheiro do Carf Jorge Victor Rodrigues, o auditor aposentado Jeferson Salazar e os funcionários da Receita Federal Eduardo Cerqueira Leite e Lutero Fernandes se juntou aos empresários do ramo de consultoria e advogados Mario Pagnozzi Junior e José Tamazato para negociar com o Bradesco a contratação para atuar em um processo do banco no Carf, que envolvia cobrança de R$ 2,7 bilhões.

Interceptações telefônicas da Polícia Federal autorizadas pela Justiça revelaram detalhes das conversas do grupo já denunciado sob acusação de corrupção no Carf com intermediários do banco Bradesco, e baseou o indiciamento de Trabuco e de mais nove pessoas. Contudo, não há indicações de repasses financeiros do Bradesco ao grupo ou a funcionários do Carf.

>> Polícia Federal indicia presidente do Bradesco na Operação Zelotes

A PF detectou nas interceptações que Eduardo Leite esteve em uma reunião no Bradesco em 9 de outubro de 2014 e, segundo o relatório, Trabuco participou rapidamente do encontro.

"Salazar chega a dizer a Jorge Victor que Eduardo foi bem em suas colocações na reunião lá com o 'Bra' (Bradesco), que estavam todos, os vices e o presidente do Bradesco, o 'Trabu' (Trabuco), esteve presente, cumprimentou a todos e saiu, e que o Eduardo acha que 'vai dar samba'", descreve o relatório da PF.

Segundo a reportagem, em uma das conversas interceptadas, Mario Pagnozzi afirma a Eduardo Leite que esteve em uma reunião no Bradesco e encontrou Trabuco. Segundo Mario, Trabuco o cumprimentou e agradeceu o empenho em "ajudar" o banco.

"Mario disse que em princípio ficou um pouco confuso, mas de uma coisa ele tinha certeza, de que os vice-presidentes que estariam negociando com o grupo do Mario Pagnozzi estariam reportando todas as tratativas para o presidente Trabuco", escreveu o delegado da PF Marlon Cajado, em seu relatório.

E complementa: "Aliás, isso já tinha ficado constatado na esclarecedora ligação acima detalhada (...), em que Angelotti [executivo do Bradesco] teria perguntado ao Mário se eles poderiam fazer uma explanação na nova solução ofertada para Trabuco".

Porém, acabou não sendo fechado contrato entre o grupo e o Bradesco, que acabou perdendo o processo no Carf. Também não há interceptações telefônicas dos executivos do banco que foram indiciados: além de Trabuco, Domingos Abreu e Luiz Angelotti, todos três por corrupção ativa.

Na terça-feira (31), o Bradesco enviou a seguinte nota sobre o caso:

O Bradesco informa que não houve contratação dos serviços oferecido pelo grupo investigado. Acrescenta que foi derrotado por seis votos a zero no julgamento do Carf. O Bradesco esclarece ainda que o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, não participou de qualquer reunião com o grupo citado.

O mérito do julgamento se refere a ação vencida pelo Bradesco em todas as instâncias da Justiça, em questionamento à cobrança de adicional de PIS/Cofins. Esta ação foi objeto de recurso pela Procuradoria da Fazenda no âmbito do Carf.

O Bradesco irá apresentar seus argumentos juridicamente por meio do seu corpo de advogados.