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Ato em São Paulo lembra Dia Internacional da Mulher Negra

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Centenas de mulheres participam, nesta segunda-feira (25), data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, de um ato para denunciar o racismo, o machismo, o genocídio e a lesbofobia. A manifestação começou na Praça Roosevelt e deve ser encerrada após uma caminhada pelo centro da capital paulista, no Largo do Paissandu.Na Praça Roosevelt, as mulheres seguram faixas contra a violência e o racismo, pintam o rosto e fazem discursos para denunciar a violência e o racismo do qual são vítimas.

O ato também faz uma homenagem a Tereza de Benguela, líder do Quilombo Quariterê, que viveu no século 18 na região do atual estado de Mato Grosso. De acordo com documentos da época, o Quilombo Quariterê abrigava mais de 100 pessoas, sendo 79 delas negras e 30 indígenas.

A catadora de material reciclável Mara Lucia Sobral Santos, de 49 anos, disse que o ato de hoje tem várias formas de importância e de interpretação. "Sou uma pessoa totalmente invisível na sociedade brasileira, uma pessoa que não existe na sociedade, por ser uma mulher negra, ter 26 filhos adotados, ser lésbica e catadora", disse ela à Agência Brasil. "Para muitos eu sou invisível, mas hoje aqui eu tenho um nome", ressaltou Mara Lucia.

Para ela, o maior problema da mulher negra hoje no Brasil é a violência. "A mulher negra sofre mais violência porque temos todo o histórico de escravidão, e as pessoas reproduzem isso."

Na opinião de Mara Lucia, a educação é fator importante para acabar com o racismo e o machismo no país. "Não precisamos de escola, porque escola a gente tem. Precisamos de educação, de formação, de entendimento racial, de saber que somos privilegiados, ou não, que temos danos históricos e reparação histórica ao povo negro e ao povo indígena, que temos que fazer. Eu, como mulher negra, sei que o Brasil precisa de reparação histórica, e não de cotas", afirmou a catadora de material reciclável.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído, em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à luta das mulheres negras neste continente.