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Eduardo Cunha recebia 80% da propina em esquema na Caixa, diz delator

Deputado foi citado em delação premiada pelo aliado Fábio Cleto, ex-diretor no banco

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O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria recebido 80% em propina no esquema para a liberação de recursos  do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômico Federal, de acordo com Fábio Cleto, ex-vice-presidente do banco, em delação premiada ao Ministério Público Federal (MPF).

No documento enviado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual pediu a prisão do doleiro Lúcio Funaro, detido nesta sexta-feira (1º), há os detalhes relatados por Cleto. Segundo o ex-dirigente da Caixa, Cunha ficava com 80% da propina de contratos com recursos do FI-FGTS, Funaro ficava com 12% e Cleto, com 4%.

>>Nova fase da Lava Jato prende aliado de Cunha e foca JBS

Na delação, Cleto, que pertencia à cota de Cunha e do PMDB na ocupação de cargos no governo e foi exonerado em dezembro do ano passado pela presidente afastada Dilma Rousseff, afirmou que a propina paga representava 1% do calor dos contratos.

Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, Eduardo Cunha negou as irregularidades e afirmou que desconhece a delação de Cleto. Há algumas semanas já havia a especulação de que Eduardo Cunha, por ser aliado de Cleto, seria um dos principais alvos da delação premiada do ex-executivo da Caixa. 

Eduardo Cunha é duas vezes réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção e ocultação de dinheiro em contas no exterior, e é alvo de um processo de cassação de mandato, aprovado há cerca de duas semanas no Conselho de Ética, e que deve ser votado em breve pelo Plenário da Câmara.

Veja a nota de Eduardo Cunha:

Nota à imprensa

Com relação aos fatos hoje divulgados, tenho a esclarecer o que se segue:

1) Desconheço o conteúdo da delação, porém, quero desmentir com veemência os supostos fatos divulgados e desafio a provarem;

2) Não recebi e nem combinei com quem quer que seja qualquer vantagem indevida de nenhuma natureza;

3) O delator, ao que parece é réu confesso de práticas irregulares, as quais cabe a ele responder por elas;

4) Não tenho operador, gestor financeiro ou qualquer coisa do gênero e também não autorizei a ninguém a tratar qualquer coisa em meu nome;

5) Lamento que todas as denúncias formuladas são baseadas em palavras de delator, com histórias fantasiosas, onde não tive nem o direito de ser ouvido em sede de inquérito para estabelecer o contraditório.

Eduardo Cunha

Na delação, Cleto relatou ainda recebimento de R$ 680 mil em propina

Fábio Clato afirmou, ainda, em sua delação premiada que recebeu R$ 680 mil de propina da Eldorado Brasil Celulose, do grupo J&F, controlador da JBS. Segundo o ex-vice-presidente da Caixa, o responsável pelos pagamentos de propina era Joesley Batista, dono do grupo.

De acordo com informações que embasaram o pedido de prisão de Lúcio Funaro por Rodrigo Janot, a Eldorado foi beneficiada com um aporte de R$ 940 milhões do fundo de investimentos do FGTS.