Investigações da Polícia Federal relacionadas à empreiteira Camargo Corrêa e delações de executivos ligados à empreiteira Andrade Gutierrez indicam o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) como beneficiário de propina em contratos públicos.
Depoimentos e documentos mostram que um outro nome se repete: o de Carlos Emanuel Miranda, 48, citado como o emissário encarregado de recolher o dinheiro ilícito destinado a Cabral. As informações são da Folha de S. Paulo.
A reportagem afirma que Miranda foi o intermediário, segundo os relatos, no recebimento de propina da Andrade Gutierrez nas obras da reforma do Maracanã para a Copa de 2014, do Arco Metropolitano e do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio). Ele é casado com uma prima do ex-governador. A Folha afirma que delatores o classificam como homem de confiança de Cabral.
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Miranda foi sócio de Maurício, irmão de Cabral, na LRG Consultoria e Participações Ltda, em 1999, e também fundou com o ex-governador a SCF Comunicações em 2003.
A primeira aparição de Miranda nas investigações da Polícia Federal data de 2008, quando Sérgio Cabral estava no segundo ano de governo.
Miranda surgiu na Operação Castelo de Areia, que investigava a Camargo Corrêa. No relatório da PF, havia uma menção ao pagamento de R$ 177.520 mensais ao ex-governador. O acerto teria sido negociado por Wilson Carlos Carvalho, secretário de Governo naquele período.
A reportagem afirma que, segundo agentes da PF, Miranda era quem transitava com as malas de dinheiro do esquema. Na contabilidade apreendida pela PF, na época, com o operador Kurt Paul Pickel, era identificado pelo apelido de "Avestruz".
O ex-governador Sérgio Cabral afirmou que convive com Carlos Emanuel Miranda há mais de 30 anos e que manteve com a Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa "apenas relações institucionais".
Em nota, sua assessoria afirmou que o peemedebista "jamais interferiu em quaisquer processos licitatórios de obras em seu governo nem tampouco solicitou benefício financeiro próprio ou para campanha eleitoral".