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Dilma e Temer em disputa por senadores indecisos em votação do impeachment

Parlamentares ainda sem voto definido podem mudar resultado no Senado

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A aproximação da votação final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que deve ocorrer em agosto, faz com que a mandatária eleita e o presidente interino Michel Temer corram atrás dos votos de senadores indecisos em relação ao processo. Levantamentos recentes mostram que são, pelo menos, 15 parlamentares que ainda não decidiram como votarão. Por isso, as promessas dos dois lados ganham ares de campanha eleitoral.

Nesta terça-feira (21), Temer compareceu ao jantar oferecido a 60 senadores pelo senador Zezé Perrella (PDT-MG), cumprimentou um a um, agradeceu pelas vitórias em votações no Congresso e acalmou os ânimos dos parlamentares em relação à demora com indicações políticas para cargos em estatais. Com afagos e promessas, não teve quem saísse com a sensação de que tratava-se de uma campanha pela permanência de Temer até 2018. Se lograr êxito na votação do impeachment, o presidente interino terá que se desdobrar na distribuição de cargos, já que a demanda é voraz e, se não atendida, pode desestabilizar a base de apoio no Congresso.

A presidente Dilma, por sua vez, tem atuado de seu quartel-general, o Palácio do Alvorada, por meio de constantes conversas com a oposição - outrora situação - e a articulação de senadores petistas para convencer os indecisos. Outra linha de frente é a defesa enfática do advogado José Eduardo Cardozo na comissão especial do impeachment no Senado. Como a estratégia do convencimento pela comissão é visto pelos dois lados como menos eficiente, Dilma acena, também -- sobretudo com parlamentares menos suscetíveis ao voluntarismo de Temer na distribuição de cargos -- com a possibilidade de antecipar as eleições presidenciais para este ano. A PEC da antecipação de eleições enfrenta resistência no Senado, já que o ex-presidente Lula desponta nas pesquisas de intenção de voto.

Para que o afastamento definitivo de Dilma Rousseff seja aprovado são necessários dois terços do Senado (54 votos do total de 81 senadores). Contas conservadoras de aliados de Temer informam que o interino tem, até o momento, 35 votos que não migrarão para o outro lado. A favor de Dilma e contra o impeachment são, também com segurança, entre 15 e 18 senadores. Há, ainda, a possibilidade de efeito-surpresa, já que muitos parlamentares têm preferido não declarar votos em sondagens recentes de institutos e veículos de imprensa. Na dúvida, Temer e Dilma batalham voto a voto.