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Dirceu nega que tenha proposto 'leniência partidária'

Reconhecimento de culpa criminaliza PT e legitima "golpe", afirma ex-ministro

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O ex-ministro José Dirceu negou, na tarde desta segunda-feira (13), que tenha sugerido um acordo de leniência partidária. De acordo com nota enviada à imprensa pela assessoria do petista, um eventual reconhecimento de culpa criminalizaria o Partido dos Trabalhadores e legitimaria o "golpe" contra o governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

"O ex-ministro José Dirceu desmente a informação, atribuída a ele pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (13), de idealizar e propor um suposto 'acordo de leniência para partidos' investigados na Operação Lava Jato. Qualquer proposta de reconhecimento de culpa visa tão somente a criminalização do PT com claro propósito de legitimar o golpe em curso contra a Democracia e o Estado de Direito.", afirma a nota.

Segundo a Folha, Dirceu e João Vaccari teriam sugerido a correligionários que o partido faça um acordo de "leniência partidária". Eles estão presos pela Operação Lava Jato desde o ano passado. A ideia teria surgido, segundo relatos de pessoas que estiveram com o ex-ministro e o ex-tesoureiro do PT no último mês, do próprio Dirceu e foi apresentada a ao menos a dois deputados do partido e a dois advogados.

"Não sei se foi o Dirceu que pensou nisso, mas ele defende. Pensamos nessa possibilidade e em outras. A ideia é passar uma régua na história do PT, assumir a culpa e fazer com que isso se reflita nas pessoas físicas", disse Roberto Podval, advogado do ex-ministro na Lava Jato, segundo a reportagem.

De acordo com a Folha, a proposta consistiria em acordo seguindo o modelo de leniência feito por empresas, em que elas assumem crimes e são condenadas a pagar multas. Em troca, mantêm a possibilidade de fazer contratos com o governo e seus executivos podem aderir ao acordo, com diminuição de pena ou até perdão judicial.

O jornal destaca que a ideia é que a negociação seja comandada pela presidência da cada partido, que faria um relatório com informações reveladas aos procuradores, inclusive com fatos ditos por Dirceu e Vaccari. Dessa forma, em troca de pagar multas e assumir os erros, os políticos envolvidos nos crimes receberiam benefício, como redução de penas.

Dirceu é o réu da Lava Jato que recebeu a maior condenação em uma única ação: 20 anos e dez meses. Vaccari foi condenado a mais de 24 anos em duas ações penais.

Essas penas não são definitivas, pois há processos em curso envolvendo ambos que ainda não foram julgados.

>> Veja a reportagem na íntegra