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Institutos Federais formam treinadores e instrutores de cães-guia 

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"Darwin me dá segurança, me acompanha em tudo. Ele me dá autonomia, independência e mais qualidade de vida". Assim a professora gaúcha Olga Solange Herval Souza, que nasceu sem a visão, define o seu cão-guia, um Golden Retriever treinado pelo Instituto Federal Catarinense (IFC) -Campus Camboriú, primeira instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a implantar um Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia. Em 2015, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) - Campus de Alegre foi o segundo a estabelecer uma unidade. Outros cinco centros estão em processo de implantação, cobrindo todas as regiões do País.

Antes de receber o Darwin, em março de 2016, Olga teve por 12 anos um cão treinado pela Guide Dog Foundation for the Blind, instituição sediada em Nova York (EUA) que atua na área desde 1946. Para ela, que recebeu um dos primeiros animais preparados pela Rede Federal, a instrução brasileira transmite especial segurança. "Como o Darwin recebeu uma formação mais próxima da minha realidade, sinto-me melhor e mais segura. Ele está me acompanhando há pouco tempo, ainda estamos em processo de conhecimento mútuo, mas ele me auxilia muito bem", analisa a professora que mora em Porto Alegre (RS), trabalha longe de casa e, acompanhada do seu cão-guia, desempenha todas as atividades de rotina com qualidade.       

Para a reitora do IFC, Sônia Regina de Souza Fernandes, o exemplo de Olga ilustra, na prática, a importância dos Centros de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia, mais uma iniciativa da Rede Federal voltada ao processo de inclusão e disseminação da tecnologia assistiva. "Quando formamos técnicos de excelência capacitados para o treinamento de animais, principalmente, estamos colaborando para o aumento do número de cães-guia em atividade no País e contribuindo para melhorar a qualidade de vida das pessoas que têm limitações visuais", afirma.

Em caráter piloto, o Campus Camboriú do IFC deu início às atividades em 2012, quando abriu a primeira turma de pós-graduação, em nível de especialização, de Treinador e Instrutor de Cães-Guia, com o objetivo de formar multiplicadores e implantar uma rede de centros em todo o País. A meta de expansão do projeto está sendo alcançada e, agora, além de o IFC estar atendendo a segunda turma de estudantes, os Institutos Federais de Sergipe (São Cristóvão), do Amazonas (Manaus), do Ceará (Limoeiro do Norte), Goiano (Urutaí) e do Sul de Minas Gerais (Muzambinho) vivem o processo de implantação de suas unidades, que serão estruturadas com alojamento, canil, maternidade, clínica veterinária e pista de treinamento.  

Até o momento, 16 cães treinados estão atuando, além de outros 71 que estão em socialização e ainda passarão pelo processo de adestramento ofertado pelo IFC e pelo Ifes.

Campus de Alegre do Instituto Federal do Espírito Santo abriu sua primeira turma do curso técnico subsequente em Treinamento e Instrução de Cães-Guia em agosto de 2015, com duração de dois anos. O estudante aprende a formar cães-guia e desenvolve aptidão para viabilizar o processo de união com o deficiente visual. A próxima turma está prevista para 2017, mas, de acordo com a coordenadora do curso, Cláudia Castro de Carvalho Nascimento, a continuidade das ações em todo o Brasil depende do apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SDH), atualmente vinculada ao Ministério da Justiça e Cidadania (MJC). "É um projeto que traz grandes benefícios, mas exige investimentos. Damos toda a assistência aos animais: acompanhamento veterinário, alimentação e medicamentos", destaca.

Cadastro - Para adquirir um animal treinado pelos Institutos Federais é necessário estar inscrito no Cadastro Nacional de Candidatos à Utilização de Cães-Guia da SDH, voltado exclusivamente a pessoas com deficiência visual (cegueira ou baixa visão). A inscrição compõe uma lista de candidatos elegíveis para aquisição nos processos de seleção realizados pelos Centros, por meio de edital.

Números - Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que no Brasil existem 7,3 milhões de pessoas com deficiência visual. Dessas, 1,2 milhão possui limitações severas e 95% não têm acesso a nenhum serviço de reabilitação.