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Gravação mostra líder tucano Sérgio Guerra sabotando CPI, diz PF

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A Polícia Federal afirma que um vídeo gravado por câmeras de segurança comprovaria uma reunião entre o então presidente do PSDB e senador Sérgio Guerra (PE) e o então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e empreiteiros para paralisar a CPI da Petrobras, em 2009.

Na gravação, Guerra afirma que "não vamos polemizar", diz que tem "horror a CPI" e que considera "deplorável" um deputado "fazendo papel de polícia". O tucano, que morreu em 2014, era um dos integrantes da comissão. As informações são da Folha de S. Paulo.

A reportagem teve acesso a relatório da PF com a transcrição das conversas, que ocorreram no escritório de um amigo do lobista Fernando Soares, o Baiano, também presente. Em sua delação premiada, Costa disse que Guerra pediu R$ 10 milhões para enterrar a CPI e que o pagamento foi feito pela empreiteira Queiroz Galvão.

Segundo a Folha, participam da reunião um então executivo da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, e um da Galvão Engenharia, Erton Medeiros. Presos na Operação Lava Jato em novembro de 2014, ambos foram soltos em 2015 por ordem do Supremo Tribunal Federal.

Ouvidos sobre o vídeo, Costa e Baiano teriam interpretado, segundo a reportagem, um determinado trecho da gravação como sendo um acerto velado de pagamento.

Eles conversavam sobre a defesa da Petrobras contra uma empresa que apresentava problemas. Guerra comenta: "Acho que a defesa não foi completa, a defesa não foi [o advogado] Antônio Fontes?". Depois, pergunta: "E aí, como é que tá [inaudível] bem?". Colares responde: "Dando suporte aí ao senador, tá tranquilo". Guerra diz: "Conversa aí entre vocês".

Guerra deixa clara sua disposição em não avançar na CPI, segundo a transcrição. O tucano afirma inclusive que seu então colega de partido, o senador Álvaro Dias (atualmente PV-PR), queria mandar "algumas coisas pro Ministério Público", mas que ele tentaria "controlar isso".

De acordo com a Folha, Guerra também chega a questionar Costa sobre atrasos nas obras e acusações de sobrepreço. O então executivo da Petrobras cita custos, exemplificando com a mão de obra, e diz que não havia irregularidades. "Aí você vai na obra lá, tem refeitório com ar-condicionado, nutricionista e tal. Custa mais caro, custa."

Guerra o tranquiliza: "Nossa gente vai fazer uma discussão genérica, não vamos polemizar as coisas. [...] Eu tenho horror a CPI, nem a da Dinda [possível referência à investigação contra o então presidente Fernando Collor] eu assinei, é uma coisa deplorável, fazer papel de polícia. Parlamentar fazendo papel de polícia".

Em nota, o PSDB informou que "não conhece a gravação e por isso não comentará, mas reitera seu apoio às investigações da Lava Jato". A Queiroz Galvão informou que "não tem conhecimento do suposto vídeo e de seu conteúdo" e que não comenta investigações em andamento. A Galvão Engenharia nega as acusações e disse que Erton Medeiros já deu esclarecimentos às autoridades.

>> Veja a reportagem na íntegra