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'Financial Times' publica carta de Serra em resposta ao artigo sobre Mercosul

Jornal britânico noticiou na íntegra  resposta do ministro das relações exteriores do Brasil

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Nesta segunda-feira (30) o jornal Financial Times publicou em sua versão impressa a resposta de José Serra, ministro das relações exteriores do Brasil ao artigo  "Pactos comerciais: nova fratura da América Latina",  publicado no mesmo veículo dia 24 de maio. Segue a carta. 

"O comércio da América do Sul é construído sob fortes alianças estratégicas

Senhor,

Como um leitor de longa data e admirador de seu jornal, fiquei surpreso e desapontado ao ler "Pactos comerciais: nova fratura da América Latina", publicado no site dia 24 de maio.

Além de ser baseado no argumento altamente questionável de uma "nova divisão" da América Latina, supostamente provocada pela oposição entre o Mercosul e os mecanismos de integração da Aliança pacífica, o artigo não considera os diferentes objetivos, além das circunstâncias e dos dados relevantes na comparação entre os dois blocos.

Mercosul saudou a criação da Aliança do Pacífico, tem acordos de comércio com os seus três membros da América do Sul (Chile, Colômbia e Peru), o que se transformará em uma zona de comércio livre até 2019, e está negociando com o México a ampliação de acordos de redução tarifária. Os dois mecanismos realizarão reuniões regulares para promover a sua cooperação. Eles compartilham o objetivo de aumentar o seu papel nos mercados globais de comércio e consideram que a coordenação cada vez maior entre eles, em muitos níveis, pode ser alcançada e deve ser prosseguida. Não há divisão, apenas a convergência com base em objetivos comuns.

Ao se comparar o desempenho dos dois processos de integração (Mercosul, criado há 25 anos, e da Aliança do Pacífico, em 2011), o artigo mostra as diferentes fases da sua evolução. É natural que a intensificação dos fluxos de comércio deve ter um ritmo mais rápido nos anos iniciais de um acordo. Isso é exatamente o que aconteceu com o Mercosul. Além disso, deve-se considerar que os dois principais parceiros do Mercosul foram afetados pelas piores crises macroeconômicas em sua história recente. Fraco crescimento a curto prazo deve diminuir as trocas comerciais.

Os autores confundem padrões estruturais com os vetores dinâmicos dos acordos. México e Chile, por exemplo, apresentaram uma maior taxa de exportação de produto interno bruto do que os países do Mercosul, mesmo antes da Aliança do Pacífico ter sido criada.

Além disso, ao contrário do que o artigo sugere, estou plenamente convencido da importância do Mercosul, e estou pronto para trabalhar com os nossos parceiros, tendo em vista suas forças.

José Serra

Ministro de relações exteriores da República Federativa do Brasil"

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