O ex-presidente Lula chegou às 19h desta segunda-feira (11) para participar do ato Cultura pela Democracia, com artistas e intelectuais, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Antes de Lula, discursaram Gregório Duvivier, além de representantes da cultura.
Ao chegar, o ex-presidente cumprimentou o músico e escritor Chico Buarque, o teólogo Leonardo Boff, o escritor Eric Nepomuceno. Após o discurso de Lula, o evento prosseguirá no lado de fora, na praça dos Arcos da Lapa.
O ator Wagner Moura, que está em Bogotá, na Colômbia, enviou um vídeo que foi transmitido ao público. O músico Tico Santa Cruz afirmou que é necessário democratizar as mídias. "Não é possível que todos os grandes veículos de comunicação no país pertençam a apenas cinco famílias", disse. Já o ator Gregório Duvivier fez críticas ao fato de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF), estar no comando do processo de impeachment de Dilma: "É um absurdo que um Congresso encabeçado por Cunha decida o futuro do Brasil".
Leonardo Boff disse que a democracia deve abranger a todos, além de ser participativa. "Eles falam de um Estado não de Direito, mas de privilégios. Querem usar o Estado para seu próprio benefício. Faziam políticas pobres para os pobres. E políticas ricas para os ricos. Nós queremos uma democracia para todos. Não queremos uma democracia apenas representativa, mas também participativa".
O manifesto do evento, redigido por Chico Buarque, Fernando Morais, Leonardo Boff, Wagner Moura e Eric Nepomuceno, afirma que a democracia está em risco: "O que vivemos hoje no Brasil é uma clara ameaça ao que foi conquistado a duras penas: a democracia. Uma democracia ainda incompleta, é verdade, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra as desigualdades e injustiças, na conquista de mais espaço de liberdade, na eterna tentativa de transformar este nosso país na casa de todos e não na dos poucos privilegiados de sempre”, diz o texto.
Leia aqui a íntegra do manifesto:
"Com este manifesto estamos convocando a todos para um ato unitário em defesa da democracia. Será na próxima segunda-feira, dia 11 de abril, às cinco da tarde, na fundição progresso, na Lapa, Rio de Janeiro.
O que vivemos hoje no brasil é uma clara ameaça ao que foi conquistado a duras penas: a democracia. uma democracia ainda incompleta, é verdade, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra as desigualdades e injustiças, na conquista de mais espaço de liberdade, na eterna tentativa de transformar este nosso país na casa de todos e não na dos poucos privilegiados de sempre.
Nós, trabalhadores das artes e da cultura em seus mais diversos segmentos de expressão, estamos unidos na defesa dessa democracia.
Da mesma forma que as artes e a cultura do nosso país se expressam em sua plena – e rica, e enriquecedora – diversidade, nós também integramos as mais diversas opções ideológicas, políticas, eleitorais.
Mas nos une, acima de tudo, a defesa do bem maior: a democracia. o respeito à vontade da maioria. o respeito à diversidade de opiniões.
Entendemos claramente que o recurso que permite a instauração do impedimento presidencial – isso que em português castiço é chamado de ‘impeachment’ – integra a constituição cidadã de 1988.
E é precisamente por isso, pelo respeito à constituição, escudo maior da democracia, que seu uso indevido e irresponsável se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe. quando não há base alguma para a sua aplicação, o que existe é um golpe de estado.
Muitos de nós vivemos, aqui e em outros países, o fim da democracia.
Todos nós, de todas as gerações, vivemos a reconquista dessa democracia.
Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo – a este e a qualquer outro.
Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada. uma democracia, vale reiterar, que precisa avançar, e muito. que não seja apenas o direito de votar, mas de participar, abranger, enfim, uma democracia completa, sem fim. em que cada um possa reivindicar o direito à terra, ao meio-ambiente, à vida. à dignidade.Ela custou muita luta, sacrifício e vidas. custou esperanças e desesperanças.
Que isso que tentam agora os ressentidos da derrota e os aventureiros do desastre não custe o futuro dos nossos filhos e netos.Estamos reunidos para defender o presente. para espantar o passado. Para merecer o futuro. Para construir esse futuro. Para merecer o tempo que nos foi dado para viver.
Leonardo Boff
Chico Buarque de Hollanda
Wagner Moura
Fernando Morais
Eric Nepomuceno"
*Colaborou Thomas Badofszky, do Programa de Estágio do JB