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Será que MP acha que somos otários?, questiona documento da Odebrecht

Relatório apreendido faz críticas à linha de investigação da força-tarefa da Lava Jato

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Um relatório apreendido pela Polícia Federal na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio, faz críticas à forma como a Operação Lava Jato tem sido executada. O texto diz que o Ministério Público comete um equívoco ao atribuir a organização do cartel para fraudar contratos com a Petrobras às construtoras, e atesta que os políticos e partidos são a ‘origem’ e o ‘objetivo central’ do esquema de corrupção.

Há informações de que executivos da empreiteira estão certos de que se a Justiça desmoralizá-los, terão tempo para desmoralizar os que se passam por honestos no Brasil, em todos os níveis de poder. 

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“Que empresário, numa situação normal de concorrência, estaria disposto a se arriscar para, espontaneamente, cooptar agentes públicos para participar de esquemas de corrupção?”, questiona o documento. “Dá para acreditar que diretor da Petrobras ‘amigo Paulinho’ [Paulo Roberto Costa] e outros, teriam sido corrompidos por propostas milionárias de suborno iniciadas por empreiteiras, que, generosamente, teriam tomado iniciativa de dividir suborno com dezenas de políticos com seus partidos? Será que o Ministério Público acha que somos todos otários, para acreditar nisso?”

O documento diz que os textos publicados no site do Ministério Publico sobre a Operação Lava Jato são uma "distorção da realidade". “O MP atribui organização do esquema de corrupção às empreiteiras, não ao governo, tratando financiamento de partidos políticos como uma conseqüência, não como origem objetivo central do esquema de corrupção. No entanto, seria necessário aprofundar as investigações antes de, apressada superficialmente, contar mentiras no site.”

O texto argumenta que Ministério Público adota uma ‘interpretação corporativista leviana, que só aborda um lado da questão, colocando Petrobras os políticos como vítimas’, e que o MP adotaria esta linha porque se denunciasse prioritariamente políticos com mandatos seria alterada a alçada jurídica das investigações, o que daria "em pizza". 

“Querem julgar rapidamente os empresários como os responsáveis pelas mazelas da corrupção no país, tornando-se heróis da pátria, julgando somente uma parte do problema, como se esta fosse causa principal, talvez porque considerem que verdadeira causa, que será julgada pelo STF, vai acabar em pizza.”

O relatório afirma que a estatal e outras grandes empresas ‘sempre puderam impedir formação de cartéis de fornecedores’, e que os casos nasceram do "do achaque, da concussão, de empresas prestadoras de serviços fornecedoras que, equivocadamente, aceitaram praticar sobre-preço em benefício de agentes públicos, políticos seus partidos, com participação de doleiros para lavagem do dinheiro".

Os principais dirigentes da Odebrecht já anunciaram a intenção de colaborar com a Justiça, mas o acordo não começou a ser discutido. 

O relatório apócrifo, de oito páginas, de acordo com reportagem do Estado de S. Paulo, estava com uma série de documentos na casa de Benedicto Barbosa, entre eles a planilha com nomes de 300 políticos de 24 partidos.