Um manuscrito apreendido pela Operação Lava Jato no escritório do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, indica formação de cartel e pagamento de propina em obra do governo de São Paulo em 2002, quando Geraldo Alckmin (PSDB) também estava no comando do Estado.
A expressão "acomodação de mercado" está anotada, que seria a inclusão de empreiteiras que tinham perdido a licitação da duplicação da rodovia Mogi-Dutra, e também há menção a um suposto pagamento de 5% do valor do contrato para o "santo".
Abaixo do nome da estrada aparece "valor da obra = 68.730.000 (95% do preço DER)", e abaixo está escrito "custos c/ santo = 3.436.500". A palavra "apóstolo" foi rasurada e substituída por "santo". A parte que a Odebrecht deveria dar ao "santo" seria de R$ 687 mil, em parcelas.
Há ainda indicação de uma divisão de percentuais da obra entre a Queiroz Galvão, vencedora da licitação, e as perdedoras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez. À Odebrecht caberia ali uma fatia de 19% do valor do contrato, ou R$ 11 milhões.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a anotação faz parte do item de número 53 do auto de apreensão da fase Acarajé da Operação Lava Jato, que vasculhou o escritório de Benedicto Junior no Rio de Janeiro. Lá, eles apreenderam as planilhas com os supostos repasses do grupo a mais de 300 políticos.
A assessoria do governador de São Paulo respondeu em nota ao jornal paulista que não faria comentário sobre o manuscrito, e informou que uma cópia da anotação, foi enviada à Corregedoria Geral da Administração. "Quem tem que explicar as anotações mencionadas pela reportagem é quem as fez. A licitação para a referida obra foi vencida pela empresa Queiroz Galvão."
A Odebrecht não quis comentar sobre os documentos apreendidos. "Os esclarecimentos foram prestados durante as oitivas realizadas pela Polícia Federal."
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