O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) entregou conversas gravadas à Procuradoria-Geral da República,acusando ex-chefe da Casa Civil e atual titular da pasta da Educação, Aloizio Mercadante, e também a presidente de tentar comprar o silêncio dele. "Me senti pressionado pelo governo", disse o senador aos procuradores, de acordo com reportagem publicada nesta terça-feira (15).
O acordo de delação premiada em que o senador Delcídio diz que Lula e Dilma sabiam da existência do esquema de corrupção e teriam atuado para mantê-lo em funcionamento foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira.
De a acordo com a revista, Mercadante teria prometido dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação de mandato no Senado, com a condição de que o senador não desestabilize tudo com a delação. Mercadante teria tratado com um assessor de confiança de Delcídio, José Eduardo Marzagão, em dois encontros no gabinete do ministro. As conversas foram gravadas por Marzagão e entregues à PGR por Delcídio.
Delcídio foi preso em novembro do ano passado por tentar fraudar as investigações da Operação Lava Jato, foi liberado no dia 18 de fevereiro sob condição de ficar em recolhimento domiciliar. Ele pode sair de casa apenas para trabalhar no Senado. Ele está de licença médica e deve retornar ao trabalho no dia 23 de março.
Na conversa, segundo a revista, Mercadante oferece ajuda financeira à família do senador e diz que vai usar a influência política do governo com o Senado e com o Supremo Tribunal Federal para tentar evitar a cassação e conseguir sua libertação. Mercadante diz a Marzagão para Delcidio ficar "calmo", deixar "baixar a poeira" e não tomar "nenhum movimento precipitado", e promete procurar o presidente do Senado, Renan Calheiros, para tentar revertera a decisão sobre a prisão expedida pelo Supremo.
Mercadante teria dito ainda na conversa que Ricardo Lewandowski, o presidente do STF, poderia libertar Delcídio por meio de liminar, durante o recesso de fim de ano do Judiciário. "O presidente vai ficar no exercício... Também precisa conversar com o Lewandowski. Eu posso falar com ele pra ver se a gente encontra uma saída", teria dito Mercadante. "Talvez o Senado possa fazer uma moção, a mesa do Senado, ao Teori, entendeu? Um pedido: olha, nós demos autorização considerando o flagrante, considerando as condições etc, mas não há necessidade pá, pá, pá - pá, pá, pá. E tentar construir com o Supremo uma saída."