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Dilma: 'Testemunhem que eu não tenho cara de quem vai renunciar'

Presidente repudiou as ações do Ministério Público de São Paulo contra Lula

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A presidente Dilma Rousseff garantiu que não vai renunciar ao seu mandato. A declaração, dada nesta sexta-feira (11) em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, foi um recado para alguns jornais que informaram que ela estava "resignada" com a ideia de deixar o governo ainda este ano.

"Acho que solicitar a minha renúncia é reconhecer que não existe base para impeachment. Ou tentem o impeachment e nós vamos disputar e discutir com a sociedade por que é que querem tirar um presidente eleito. Vocês acham que eu tenho cara, que eu tenho gênio de estar resignada? A imprensa tem que ter certa responsabilidade. Pela minha trajetória, pela minha honradez (...) Fui presa e torturada, devo ao povo brasileiro o voto que me deram. Não estou resignada e não tenho essa atitude diante da vida. E, por favor, pelo menos testemunhem que eu não tenho cara de quem vai renunciar", disse a presidente, no encerramento da entrevista.

Dilma afirmou que o governo repudia as ações do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Lula. Nesta quarta-feira (9), ao apresentar denúncia contra Lula, os procuradores pediram, também, a prisão preventiva do líder petista.

"É um absurdo que um país como o nosso assista calmamente a um ato desse contra uma liderança política que tanto fez pelo país. O governo repudia em gênero, número e grau esse ato praticado contra o presidente Lula, chama o pais a mais diálogo, calma, menos turbulência e menos pessoas tentando se promover em situações que não cabem", disse Dilma.

A chefe do Executivo se negou a comentar as especulações sobre a nomeação de Lula para algum ministério. "Não costumo discutir como vou formar o meu ministério. Gostaria de ter, sim, o presidente Lula, porque ele é experiente e tem grande capacidade de formulação de políticas, capacidade gerencial. Mas não vou discutir com vocês se ele vai ser ou não vai ser (ministro)".

Questionada novamente sobre mudanças na Esplanada e se o ministro da Justiça, Wellington César, nomeado na semana passada, continuaria no cargo, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ele terá que abrir mão da carreira de procurador no Ministério Público da Bahia, Dilma reiterou:

"Olha, eu não discuto isso, não discuto ministros com a imprensa, não posso fazer isso. Vou olhar para ele (Wellington) e falar: 'Meu querido, você decida seu destino de acordo com as suas convicções, aquilo que é interessante para você'. Ele tem 25 anos de Ministério Público, não cabe a mim fazer apelo", disse a presidente, que foi indagada, logo em seguida, sobre o que ela acha da decisão da Corte:

"Decisão do Supremo eu não acho, eu cumpro. Isso também é base da Constituição Brasileira", respondeu, depois de fazer um apelo para que as manifestações marcadas para o próximo domingo (13) sejam pacíficas, já que "se manifestar é legítimo e isso não deve ser manchado por nenhum ato de violência, pois essa é uma das vitórias da democracia".

Perguntada sobre o que poderia ocorrer neste sábado (12), quando o PMDB, maior partido da base aliada e que está em crise com o governo, realizará sua Convenção Nacional, Dilma respondeu apenas que não faria "exercício de futurologia" diante dos jornalistas e que prefere esperar as resoluções que serão tomadas pelo partido. "Vamos esperar a convenção, em vez de fazer exercício de futurologia".