A manutenção dos vetos no teste de fogo da presidente Dilma Rousseff revela que o governo ganhou sobrevida no Congresso, notadamente a Câmara dos Deputados. Os resultados, entretanto, desaconselham maiores euforias, como avocar para si a coordenação da CPMF. Para aprovar a PEC do novo tributo serão necessários 308 votos e o governo, analisando as votações mais simbólicas dos vetos e as elevadas dissidências, ainda está muito longe da meta.
Agravante para este quadro é o fato de que o imposto sobre cheques deverá ser apreciado muito próximo às eleições municipais e dentro de um quadro de acentuada deterioração econômica, sobretudo nas taxas de desemprego. Os índices, já preocupantes, tendem a aumentar assim que entrar em vigor o fim das desonerações para 56 setores. Outro fator determinante será a popularidade de Dilma Rousseff no momento da votação. Tudo indica que ela não tem instrumentos para recuperar bons números neste aspecto.
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É relevante observar (no quadro abaixo) os votos e defecções na base governista em votações-chave. A alta infidelidade é um padrão e os percentuais são praticamente estáveis com oscilações por partido e por tema votado. O PRB (Ministério dos Esportes), por exemplo, apresentou taxa de traição superior a 50% em todos votações. O PP (Ministério da Integração Nacional) traiu majoritariamente em duas votações, o PDT (Comunicações) e o PSD (Cidades) em uma votação e o PR (Transportes) muito próximo de 50% em duas votações.
Registre-se que na MP 688 (hidrelétricas) o governo obteve 257 votos. Foi uma das raras vezes no ano em que obteve mais do que 50% + 1 dos votos da Câmara. Na repatriação foram 230 manifestações pró-governo e no veto do Judiciário 132 votos que se somam a ausentes (119) e abstenções (11).
Percentual de infidelidade na base governista
PRB PP PDT PSD PR PMDB PT Pros PCdoB
MP 688 55% 50% 47% 47% 47% 33% 11% 17% 0%
Repatriação 60% 53% 63% 59% 47% 24% 8% 33% 0%
Veto (Judiciário) 55% 41% 42% 38% 21% 39% 15% 33% 15%