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Para analistas, fala de Temer é 'ato falho' e postura do PMDB, estrategicamente passiva

"Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo", afirmou vice sobre Dilma

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Analistas políticos comentaram as declarações do vice-presidente Michel Temer dadas num debate na noite desta quinta-feira (3). O peemedebista admitiu que a popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff é muito baixo e que "ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo".

>> Veja declaração dada pelo vice-presidente

Para o analista de riscos e professor de ciência política licenciado da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Kramer, a declaração de Temer, que não foi dada à imprensa, mas durante a palestra, não ocorreu sem a intenção de que vazasse para fora do evento.

"É claro que há o desejo de vazar e os meios tecnológicos facilitam isso nos dias de hoje. Apesar do esforço que Temer faz para se manter dentro da liturgia do cargo de vice-presidente e também para não sinalizar que ele está adotando um comportamento que pode ser interpretado como oportunista ou desleal, ele comete alguns atos falhos. O mesmo ocorreu quando ele disse que alguém precisava liderar o país", analisou Kramer.

O cientista político disse que o PMDB está acompanhando os próximos passos do governo e que o cenário é imponderável, podendo culminar até mesmo numa renúncia de Dilma. Kramer afirma que o maior partido da base aliada não deixa de antever as variáveis. 

"O PMDB sabe que toda essa impopularidade de que hoje Dilma é alvo se tornaria sinal positivo, caso Temer viesse a assumir a Presidência da República. Ele contaria com imensa boa vontade do Congresso e da opinião pública, e faria passar goela abaixo desses setores todas as medidas impopulares de ajuste fiscal que tanto causam rejeição agora com Dilma", argumenta o professor da UnB.

Já o cientista José Paulo Niemeyer, do Ibmec/RJ, afirma que o PMDB está em "passividade estratégica": "O partido está parado, faz cara de paisagem e assiste aos processos pelos quais passa o governo. Ele não faz nada, mas também não atrapalha, para não parecer que está sabotando. Mas diante do peso do PMDB, essa passividade estratégica se torna extremamente ruim para o governo".

Ontem, a oposição reiterou a fala de Temer. O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que o peemedebista sabe o que está falando. "É uma declaração de quem conhece a intimidade do Executivo e fala coisas que, para o governo, são perigosas e comprometedoras".