ASSINE
search button

Cinco convocados pela CPI da Petrobras ficam em silêncio

Compartilhar

O empresário Elton Negrão de Azevedo, executivo da empreiteira Andrade Gutierrez, também se recusou a responder as perguntas dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras em reunião realizada hoje em Curitiba.

Com isso, foi encerrado o primeiro dia de interrogatórios da CPI na capital paranaense sem que nenhum dos cinco convocados falasse.

Além de Azevedo, ficaram calados o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu; o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada; o presidente da Andrade Gutierrez: Otávio Marques de Azevedo; e João Antonio Bernardi Filho, representante no Brasil da empresa italiana Saipem.

Ex-diretor da Petrobras é o quarto a permanecer calado em CPI

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada foi o quarto depoente a optar pelo direito de permanecer calado na reunião da CPI da Petrobras. “Por orientação da minha defesa, vou permanecer em silêncio”, respondeu Zelada ao relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Jorge Zelada foi o sucessor de Nestor Cerveró, também preso pela Operação Lava Jato, na diretoria da área Internacional da Petrobras. Ele comandou o setor entre 2008 e 2012.

Ele foi acusado de participar do esquema de propina, em depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e do ex-gerente da área de Serviços Pedro Barusco. Segundo Barusco, Zelada foi beneficiado na época em que era gerente geral de obras da Diretoria de Engenharia e Serviços. Mas Barusco não soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da área Internacional.

Zelada foi denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo a denúncia, os lobistas Hsin Chi Su, também chamado de Nobu Su, e Hamylton Padilha repassaram US$ 31 milhões em propina para Zelada, para o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e para o PMDB. Conforme a denúncia, o partido era o responsável pela indicação de Zelada para o cargo e beneficiário do dinheiro ilegal do esquema.

“A CPI tem que se concentrar nas operações internacionais da Petrobras, já que ela adquire ativos no exterior sem licitação”, disse o deputado Altineu Cortes (PR-RJ).O último depoente da reunião de hoje é o empresário Elton Negrão de Azevedo, executivo da empreiteira Andrade Gutierrez.

Empresário acusado de corrupção também fica em silêncio na CPI da Petrobras

Segundo depoente do dia na sessão da CPI da Petrobras em Curitiba (PR), o empresário João Antonio Bernardi Filho também invocou o direito de não responder as perguntas dos deputados e disse que iria ficar em silêncio.

Bernardi foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, junto com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, a advogada Christina Maria da Silva Jorge e os empresários Antônio Carlos Briganti Bernardi e Júlio Gerin de Almeida Camargo.

Diante da negativa de Bernardi em responder as perguntas, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ofereceu a oportunidade de ele ser ouvido em sessão secreta. O empresário negou, e Luiz Sérgio disse que não faria mais perguntas.

Segundo a denúncia, Bernardi, representante da empresa italiana Saipem, controlava a offshore Hayley, com sede no Uruguai e conta bancária na Suíça, usada para a lavagem de dinheiro e o pagamento de propina para Duque.

O MPF afirma que Bernardi ofereceu R$ 100 mil a Duque para que a Saipem vencesse a licitação da Petrobras para a instalação do gasoduto submarino de interligação dos campos de Lula e Cernambi, localizados na Bacia de Santos.

José Dirceu é dispensado de depoimento após ficar em silêncio

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o primeiro a depor na sessão da CPI da Petrobras em Curitiba (PR), foi dispensado depois de se recusar a responder todas as perguntas feitas a respeito de seu suposto envolvimento nas irregularidades na Petrobras.

“Seguindo orientação de meus advogados, vou permanecer em silêncio”, disse, ao lado de seu advogado, Roberto Podval.

O presidente da CPI, deputado Hugo Motta, chegou a oferecer a Dirceu a oportunidade de depor em reunião secreta. O ex-ministro respondeu com a mesma frase.

Apesar de repetir sempre a mesma resposta, os deputados insistiram em perguntar. “Como o senhor conseguiu ganhar quase R$ 30 milhões com sua empresa de consultoria, em um período em que o PIB brasileiro caiu quase 2%?”, perguntou o deputado Bruno Covas (PSDB-SP).

“O senhor é o líder dessa organização criminosa?”, perguntou o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO). “O senhor participou de consultorias relativas à venda de ativos da Petrobras na África?”, questionou o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA).

“Por orientação de meus advogados, vou permanecer em silêncio”, respondeu Dirceu a todas as perguntas.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) fez uma defesa dos governos Lula e Dilma na gestão da Petrobras e protestou contra o fato de Dirceu, preso há mais de dez dias, não ter sido ouvido ainda pela Polícia Federal em relação às acusações que pesam sobre ele.

“A Petrobras foi revigorada pelo presidente Lula e pela presidente Dilma. Estamos combatendo a corrupção. Venho aqui dizer que a pessoa que está em investigação e tem o direito constitucional de ficar calada não foi até agora sequer ouvida ainda pela polícia”, disse.


Agência Câmara