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Collor sussurra novos xingamentos a Janot durante sabatina na CCJ

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O site da revista IstoÉ revela, nesta quarta-feira, que no momento mais tenso da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) sussurrou novos xingamentos ao chefe do Ministério Público Federal. Segundo relatos de dois senadores e integrantes da equipe de Janot à reportagem, o ex-presidente chamou o procurador-geral de "filho da p..." e "calhorda".

Segundo a revista, o áudio dos xingamentos de Collor - denunciado por Janot na Operação Lava Jato - não chegou a ser captado pelo sistema de som, uma vez que foram feitos fora do microfone. Também não foram presenciados pela imprensa, pois o ex-presidente estava na primeira fila da comissão, de frente para a cadeira do procurador-geral na bancada.

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Mesmo diante das provocações, nas respostas a Collor, o chefe do Ministério Público se manteve firme e deu respostas técnicas à bateria de questionamentos sobre a sua gestão e comportamentos. Ele, entretanto, aproveitou para dar uma indireta ao ex-presidente, que saiu do cargo após processo de impeachment: "Não há futuro viável se condescendermos com a corrupção". E finalizou dizendo que todos são iguais perante a lei.

Não é primeira vez que o ex-presidente xinga o procurador-geral. No início do mês, em discurso da tribuna, Collor chamou-o de "filho da p...". Na ocasião, a fala chegou a ser captada pela TV Senado.

Após o embate com Janot, o senador do PTB deixou a sala da CCJ e, sorrindo, não falou com a imprensa.

Na sabatina desta quarta, Collor chamou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "Janó" ao se dirigir a ele no questionamento. Collor disse que Rodrigo Janot deu prejuízo aos cofres públicos ao alugar uma mansão, em Brasília, por R$ 67 mil mensais, sem licitação. Ele também acusou Janot de ter contratado a empresa Oficina da Palavra, sem licitação, para fazer campanha dele ao cargo de chefe do Ministério Publico Federal em 2013 e de, após ser eleito, ter nomeado o dono da empresa, Raul Pillati, como secretário de comunicação da Procuradoria-Geral da República.

Collor afirmou que Janot contratou mais de uma vez, sem licitação, a empresa Oficina da Palavra para implantar mecanismo de governança. "Só em 2014, os três últimos contratos somam 940 mil reais, tudo sem licitação. O diretor  executivo, Raul Pillati Rodrigues, que coordenou a campanha de Janot em  2013 e foi nomeado por Janot para secretário de Comunicação na PGR, saiu em junho deste ano."

Janot respondeu: "A Oficina da Palavra não é empresa de publicidade, é uma empresa que, nesses contratos, presta consultoria e treinamento de media trainning [treinamento para se relacionar com a imprensa] para membros do Ministério Público Federal. Aliás, [a empresa]  presta treinamento de media trainning para vários Ministérios Públicos, juízes e magistrados de vários estados. Os contratos com a Oficina da Palavra foram regulares. O próprio TCU afirma que não há irregularidade. Não fez minha campanha de 2013, contratei alguém para fazer assessoria." 

Sobre o caso do aluguel do imóvel em Brasília, o procurador-geral disse que houve falsidade ideológica da empresa, que teria apresentado um alvará falso na hora de fechar o contrato.

O senador Fernando Collor perguntou a Rodrigo Janot se ele usa como "estratégia" vazar informações de investigações para determinados veículos de comunicação para conseguir espaço. "Quem está dizendo isso não sou eu, não sou só eu", disse Collor.

Rodrigo Janot afirmou que, à época da chamada Lista de Janot, não houve vazamento, mas especulações. Janot negou ser um "vazador contumaz". "Eu sou discreto", disse. O procurador-geral negou ainda que exista uma "espetacularização da Lava Jato". Ele voltou a citar o dito popular: "pau que dá em Chico, dá em Francisco".

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O senador Fernando Collor afirmou que Rodrigo Janot hospedou Claudio Gouveia, um parente que seria procurado pela Interpol, em sua casa em Angra dos Reis, litoral carioca. Janot disse que o suposto "contraventor" a que Collor se referiu era seu irmão. Ele disse que não vai se referir a esse episódio porque, como seu irmão já está morto, ele nem sequer pode se defender. "Não participarei dessa exumação pública", disse.

Em sua réplica, o senador Fernando Collor afirmou que não fez nenhuma acusação ao irmão de Rodrigo Janot. Ele disse que Janot auxiliou "uma dupla de contraventores".

O procurador-geral da República, também em resposta a Collor, disse que sua atuação profissional é firme no que se trata de combate à corrupção. Ele disse que a questão da Orteng não envolvia a Petrobras, mas outra empresa. A questão começou em 1997, segundo Janot, e se arrastou por mais de 14 anos.

Janot foi interrompido por Fernando Collor durante sua resposta. "Vossa excelência não me interrompa", disse Janot.