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Dilma: crise é transitória e primeiro passo é promover equilíbrio fiscal

"Não podemos nos dar ao luxo de ignorar a realidade, mas temos condições de retomar crescimento"

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Em discurso que durou cerca de meia hora, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff disse aos governadores que o país passa por um período de transição, e que o pior já passou. No início da fala, Dilma afirmou que ninguém se pode dar ao luxo de ignorar a realidade, mas acredita que o Brasil vai superar as dificuldades. "Nós, como governantes que somos, não podemos nos dar ao luxo de ignorar a realidade. Não nego as dificuldades, mas afirmo que todos nós aqui temos condições de superar essas dificuldades e, num prazo mais curto do que pensam, assistir à retomada do crescimento", acrescentou.

A presidente disse que o encontro com os governadores tem um papel muito importante "nos destinos e na condução dos caminhos do Brasil". "É importante que nós consideremos que fomos eleitos e fizemos nossas campanhas em um conjuntura ainda bem mais favorável do que aquela que estamos enfrentando", afirmou.

Dilma pediu a todos uma série de iniciativas, como a reforma do ICMS que, segundo ela, embora seja de ordem microeconômica, terá repercussões macroeconômicas para o crescimento e para a geração de empregos. "Conto com vocês. Quero dizer, do fundo do coração, que vocês podem contar comigo. Há muito que nós sabemos que o Brasil se passa nos estados e nos municípios. Se nós não tivermos um projeto de cooperação federativa, em que nos articulemos e façamos com que ela dê frutos e resultados, não estaremos trilhando o bom caminho. O bom caminho é aquele da cooperação".

Ela também ressaltou a importância do agronegócio. "Aqui temos governadores que sabem a expressão que o agronegócio tem, não só nas nossas contas externas como na expansão do país", disse. Dilma também afirmou que os estados devem dar oportunidade para que as pessoas empreendam. "Todos nós, em maior ou menor escala, enfrentamos dificuldades... A saída para resolvermos o nosso problema é usar os recursos disponíveis e fazer mais com o que temos".

Dilma apela aos governadores por cooperação federativa para frear homicídios

A presidente fez um apelo sobre a questão da segurança pública.  Para ela, é necessária uma cooperação federativa, tendo como alvo as populações mais pobres, para frear o crescimento de homicídios.

“Proponho uma cooperação federativa. Concentrada no esforço comum de todos nós, que integram os demais poderes do estado, em especial o Judiciário, para interrompermos os números de homicídios que façam uma pessoa ser assassinada a cada 10 minutos”, disse a presidente. “[Precisamos] desenvolver políticas de segurança e sociais em populações vulneráveis. Podemos interromper o número de homicídios, num horizonte de agora até 2018”, completou.

Os governadores começaram a chegar no Palácio da Alvorada por volta de 16h. Em seguida, a presidente, junto com uma equipe de ministros, sentou-se à mesa da reunião e fez o discurso de abertura. Estiveram presentes, dentre outros ministros, o da Fazenda, Joaquim Levy, da Casa Civil, Aloizio Mercadante e do Planejamento, Nelson Barbosa, além de Cardozo.

Pela primeira vez em seu segundo mandato, Dilma se reúne com os governadores de todas as regiões do país. Com exceção do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), que foi representado pela vice, Rose Modesto, os demais chefes dos Executivos estaduais e do Distrito Federal estiveram presentes no encontro.

Entre os temas em pauta no Palácio da Alvorada, em Brasília, a reforma do Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços (ICMS) terá importância especial, pois uma proposta sobre o tema está em vias de ser votada pelos senadores, assim que retornarem do recesso na próxima semana. Além das medidas que pretende apresentar, Dilma quer ouvir as demandas dos governadores.

Dilma diz a governadores que o povo está sofrendo e muita coisa precisa melhorar

O Brasil passou a exigir muito dos governos e dos serviços públicos, “nosso povo está sofrendo”, e “muita coisa tem que melhorar”, disse Dilma Roussef aos governadores, acrescentando que “nenhum governante pode se acomodar”. “Esse Brasil passou a exigir muito dos governos, das empresas, dos hospitais, das escolas, da política, da justiça e de si mesmo. Nesse novo Brasil nenhum governante pode se acomodar. Muita coisa sabemos que precisa melhorar, principalmente porque sabemos que nosso povo está sofrendo, e quando sabemos isso, muita coisa tem que melhorar”, afirmou a presidenta.

Dilma ainda enfatizou que diferenças políticas não podem se sobrepor aos interesses do país, e que a cooperação entre os governos é uma obrigação constitucional.

“Nós devemos cooperar cada vez mais, independentemente de nossas afinidades políticas. A cooperação federativa é uma exigência constitucional, é uma exigência da forma como nós organizamos o Estado e a sociedade brasileira. Nós também devemos respeitar a democracia, e devemos somar forças e trabalhar para melhor atender a população”, acrescentou a presidenta.

O encontro foi organizado também para que Dilma pudesse ouvir as demandas dos governadores. Ao terminar o seu discurso inicial, ela anunciou que alguns ministros fariam exposições sobre assuntos como a segurança pública e matérias de impacto financeiro no Congresso Nacional, mas disse que a palavra seria passada em seguida aos chefes dos Executivos estaduais.

“Nós temos a humildade para receber críticas e sugestões e temos todo interesse na cooperação. Eu queria dizer aos senhores que eu, pessoalmente, sei suportar pressão e até injustiça. Isso é algo que qualquer governante tem que se capacitar e saber que faz parte de sua atuação”, afirmou, antes de declarar que conta com os governadores e que eles podem contar com ela.

Dilma disse que tem o “ouvido aberto e também o coração” para saber que o Brasil se desenvolveu e “não se acomoda”. “É aquele Brasil que não se satisfaz com pouco, que sempre quer mais. É esse o Brasil que nós queremos cada vez mais, desenvolvido, crescendo cada vez mais”, afirmou.