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Cunha destaca número de projetos aprovados em pronunciamento na TV

No Twitter, hashtag #CunhaNaCadeia liderou assuntos da rede social no Brasil

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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentou um balanço do primeiro semestre no comando da Casa em seu pronunciamento em cadeia nacional de TV, na noite desta terça-feira (17). Um dia depois de ser criticado pelos colegas deputados por "votações irresponsáveis", de ser apontado como um dos que receberam propina em esquema de corrupção e no mesmo dia em que anunciou rompimento com o governo, o presidente da Câmara destacou que o país está em uma crise, mas que a Casa está atenta para a governabilidade do país e preocupada em assegurar conquistas históricas. 

Entre os projetos aprovados na Câmara, Eduardo Cunha destacou a aprovação da proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos nos casos envolvendo crimes hediondos. “Com coragem e maturidade, debatemos a redução da maioridade e aprovamos um projeto com 323 votos, com ampla maioria.”

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Ele lembrou a aprovação do projeto que transforma em crime hediondo o assassinato de policiais e parentes, a aprovação da PEC da Bengala, o fim do fator previdenciário, marco da biodiversidade, regulamentação da terceirização e dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas. “Uma vitória que beneficia pessoas simples e batalhadoras.” 

A reforma política também ganhou destaque, quando o deputado apontou, entre as medidas já aprovadas, o limite de gastos em campanha. Para Eduardo Cunha, a "Câmara nunca trabalhou tanto quanto agora". Após salientar que o Brasil vive uma crise, indicou que a Câmara tem avaliado com critério as medidas de ajuste propostas pelo governo, "atenta às governabilidade do país" e às "conquistas históricas do povo".

Repercussão nas redes sociais

Durante os cinco minutos do pronunciamento de Eduardo Cunha, o assunto ganhou destaque nas redes sociais. No Twitter, a hashtag #CunhaNaCadeia liderou os assuntos da rede social no Brasil e apareceu em segundo lugar nos tópicos mundiais. Durante a tarde, pelo Facebook e Twitter, usuários incentivaram um "barulhaço" durante o pronunciamento.

No Facebook, no evento Barulhaço no pronunciamento de Eduardo Cunha (em cadeia nacional de rádio e TV) 67 mil pessoas confirmaram presença. A descrição do evento é ampla: "Vale apito, lata, panela, tambor, guitarra, grito...Vale até lobisomen".

Também pelo Facebook, Cunha pediu um "aplausaço": "Hoje às 20:25 o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, fará um pronunciamento em rede nacional. As demonstrações de apoio já começaram", disse no perfil oficial. Também foi disponibilizado um aplicativo que imita palmas para que os apoiadores usassem.

Pelas redes os usuários informaram as manifestações tanto contrárias como em apoio ao presidente da Câmara. Em Brasília, enquanto na asa sul um usuário informou que houve barulhaço, na asa norte, outro disse que ouviu gritos de apoio: "Vai Cunha".

No Facebook, o perfil da Mídia Ninja postou um vídeo no qual pessoas se reuniram nas ruas do Rio de Janeiro e fizeram um barulhaço contra Cunha. Há vídeos também de manifestações contrárias em São Paulo.

Rompimento com o governo e manifestações na Câmara

Nesta sexta-feira (17), Cunha, anunciou rompimento com o governo e disse que, como político, vai tentar no congresso do partido, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho. Cunha disse que, apesar da decisão, vai manter a condução da Câmara dos Deputados "com independência".

Na véspera, as declarações de Eduardo Cunha no balanço sobre os primeiros seis meses de trabalho da Câmara neste ano geraram críticas entre os parlamentares, que se reuniram no Salão Verde da Casa para fazer críticas à gestão do peemedebista. “A principal preocupação é com eleições, em vez de garantir o mínimo de estabilidade ao governo. Estão se comportando como ponto de desestabilização do governo”, alertou o deputado Alessandro Molon (PT-RJ).

Pelo balanço da presidência da Câmara apresentado ontem, neste período, foram aprovadas 90 matérias entre projetos de lei, propostas de emenda à Constituição, medidas provisórias, projetos de decreto legislativo, projetos de lei complementar e projetos de resolução. Entre os textos estão as medidas de ajuste fiscal defendidas pelo governo, a regulamentação da terceirização de mão de obra e as propostas de reforma política e redução da maioridade penal, que precisam ser concluídas em votação em segundo turno, antes de serem enviadas ao Senado.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) admitiu, como Cunha, que nunca se votou tanto, mas alertou que nunca se votou tão atropelado. “Nunca se desrespeitou tanto as comissões especiais. A Câmara está sob suspeita”, avaliou.

Segundo ele, quando uma matéria desagrada o bloco de Cunha, ela é votada novamente na Casa, fazendo referência a sessões como as que aprovaram o projeto da terceirização e da redução da maioridade penal.

Júlio Delgado (PSB-MG) chegou a classificar Cunha como um “déspota” e a deputada Luiz Erundina (PSB-SP) acredita que “há um clima de autoritarismo” na Câmara.

* Com informações da Agência Brasil