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'Globo': Andrade Gutierrez pagou empresas de doleiro ligado a Carlinhos Cachoeira

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A operação Lava Jato, da Polícia Federal, ganhou um novo capítulo. De acordo com documentos que vazaram com resultados da quebra de sigilo das empresas de Adir Assad, doleiro ligado ao bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a empreiteira Andrade Gutierrez teria repassado R$ 125,8 milhões entre 2006 e 2011 para a Legend, uma das companhias de fachada de Assad. O doleiro foi um dos presos durante a operação. A informação foi publicada pela Agência O Globo, na noite desta quarta-feira (15/7).  

De acordo com O Globo, cinco empresas investigadas por fraudes em contratos de obras da Petrobras pagaram cerca de R$ 260,4 milhões às seis firmas de fachada do esquema, além da Legend, Rock Star, Power to Ten, JSM Engenharia, SM Terraplanagem e Soterra. Destaca ainda que o relatório do Ministério Pùblico Federal (MPF) cita que a Andrade Gutierrez declarou à Receita Federal ter pago apenas R$ 631,7 mil à Legend entre 2006 a 2011, mas os outros depósitos foram descobertos com a quebra de sigilo da Assad. No entanto, a empreiteira nega que os depósitos tenham relação com a Petrobras ou com agentes públicos ou políticos.

No relatório do MPF, segundo o Globo, consta que dois consórcios que trabalharam na ampliação da Marginal Tietê, em São Paulo, aparecem como depositantes de empresas de fachada do doleiro: o consórcio Nova Tietê, que teria depositado R$ 37 milhões para a Legend, e o consórcio Desenvolvimento Viário, que teria repassado R$ 16,1 milhões para a SM Terraplanagem neste mesmo período. As obras da marginal custaram mais de R$ 1 bilhão e tiveram como responsáveis a Delta Construções, de Fernando Cavendish, ligado a Carlinhos Cachoeira, e o Consórcio Desenvolvimento Viário (EIT - Empresa Industrial Técnica S/A - e Egesa Engenharia).

As novas informações, segundo o veículo, foram detalhadas pelo empresário Augusto Mendonça Neto em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, na última terça (14). O delator teria dito ainda que as empresas de Assad foram usadas para pagar propina para a diretoria de Serviços da Petrobras e os repasses, em um segundo momento, passaram a ser feitos pela Rio Marine, do operador Mário Goes, que fazia os depósitos principalmente no exterior e entregava dinheiro em espécie a Pedro Barusco Junior, em mochilas. Segundo Mendonça Neto, o seu escritório teria recebido dinheiro de uma empresa de Assad, antes da Rio Marine entrar no esquema.

"Mendonça Neto contou ter repassado R$ 40 milhões de propinas pagas à diretoria de Serviços para as empresas controladas por Assad pela obra feita na Repar, a refinaria da Petrobras no Paraná. Outros R$ 33 milhões do sobrepreço cobrado da Petrobras foram entregues a Barusco que, por sua vez, repassou R$ 11 milhões a Goes. O depósito da quantia de Goes foi feito pelo consultor Júlio Camargo na conta de um beneficiário ainda não identificado", diz o texto do Globo. O veículo informou que procurou a Andrade Gutierrez que alegou em nota que as questões referentes ao seu relacionamento com empresa atribuída a Assad são fatos conhecidos e estão sendo apreciados em outro procedimento em trâmite em São Paulo, antes mesmo da Lava Jato. Além disso, a empreiteira diz que não há relação com a Petrobras ou agentes políticos ou públicos.

"O empresário Adir Assad afirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que deixou a sociedade das empresas Legend e Rock Star no fim de 2007, transferindo os negócios para a antiga sócia, Sonia Maria Branco. Assad afirmou que toda a contabilidade era tocada pela sócia que, ao lado da irmã, Sueli Maria Branco, assumiram os negócios depois de sua saída, quando decidiu tirar um período sabático", destaca a publicação.