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Delfim critica crise política e cita "conspiradores"

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Em artigo publicado quarta-feira (8) na Folha de S. Paulo, intitulado "Solidariedade", o ex-ministro Delfim Netto lembrou a pesquisa que apontou que apenas 9% dos brasileiros avaliam o governo de Dilma Rousseff como "ótimo ou bom". "Isso deu margem a algumas conclusões perigosas. Chegou a hora de ela "ir embora", seja lá como for: um impeachment ou uma renúncia! Discute-se discretamente nos palácios e abertamente nos bordéis que é preciso preparar o caminho. Os conspiradores esperam "garantias" de como se distribuirá o poder vacante para antecipar a formação de uma "sólida maioria" que todos sabemos vai, na prática, rapidamente "desfazer-se no ar".", reforçou Delfim.

O ex-ministro destaca que a situação está "estranha e confusa". "O Executivo tenta desesperadamente reconstruir sua liderança com "marketing" de programas com focos duvidosos. O Legislativo recuperou o seu protagonismo, o que é muito bom para o fortalecimento da democracia, mas tem sido, eventualmente, vítima do infantilismo próprio de diretório acadêmico. O Judiciário –que é o "garante" do sistema e de nossas liberdades– aproveitou-se da situação e forçou a barra do Tesouro."

Ainda segundo o artigo, "talvez seja bom lembrar aos pescadores de águas turvas que, como ensinou Horácio nas "Odes", "prudentemente, os Deuses escondem no mais profundo nevoeiro os tempos futuros". O que vai acontecer tem que ser resultado claro, transparente, objetivo e legítimo do bom funcionamento de nossas instituições e não o resultado da esperteza e oportunismo de maiorias eventuais. Se houve desvio de conduta ela tem que ser materialmente comprovada. Para isso, a contribuição de "pesquisas de opinião" ou "panelaços" barulhentos de quem votou mal é imprestável."

O ex-ministro destaca que a conjuntura mundial está complicada. "Não há segurança de que os EUA assistem a uma recuperação robusta; de que a China e a Índia vão conservar o menor, mas ainda importante crescimento; de que a Eurolândia (nosso maior importador) vai acelerar seu crescimento; de que o descontentamento justificado contra o excesso de "austeridade" na Eurolândia não se reflita em novas experiências políticas. Tudo resultado de erros internos. No Brasil, também pagamos o preço de erros internos que não serão mitigados pela conjuntura externa. Só nos resta, portanto, reconhecê-los e juntarmo-nos para superá-los, mas isso não passa pela interrupção inconsequente do bom funcionamento de nossas instituições."

Delfim finaliza se solidarizando com o também ex-ministro Guido Mantega: "Peço licença à Folha para me solidarizar com o artigo do ilustre ex-ministro Guido Mantega, "Sobre intolerâncias", publicado em 5 de julho. Meu caro amigo, não se apoquente: o que lhes falta não é tolerância, é educação, o que lhes sobra, é arrogância. Ambas produtos familiares... "

>> Veja aqui o artigo