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PF: servidores da Casa da Moeda e Receita são investigados por fraude

Operação Vícios cumpriu 23 mandados de busca e apreendeu dinheiro e material

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A Polícia Federal informou nesta quarta-feira (1) que todos os mandados de busca e apreensão da Operação Vícios foram cumpridos, sendo 17 no Rio de Janeiro, um em São Paulo e cinco em Brasília. Segundo a PF, a primeira fase da investigação apurou os crimes de fraude em licitação, corrupção e associação criminosa, com fortes indícios de direcionamento de processos licitatórios em benefício de uma única empresa durante a implantação do sistema de controle da produção de bebidas (Sicobe) pela Casa da Moeda e pela Receita Federal, assim como no processo de renovação do contrato. 

>> Operação Vícios investiga fraude em contratos de controle de bebidas

Entre os investigados, ao menos 10 são servidores públicos da Casa da Moeda ou da Receita Federal. Foram apreendidos mídias, computadores e documentos, que serão analisados. Também foi apreendida quantia equivalente a aproximadamente R$ 70 mil em dinheiro, na residência de um dos servidores.

Entenda a Operação

Na manhã desta quarta-feira (1º), a Polícia Federal, em conjunto com a Casa da Moeda e a Corregedoria – Geral do Ministério da Fazenda deflagrou a Operação Vícios, que tem como objetivo investigar fraudes em contratos referentes à implantação do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), que compete à Casa da Moeda. Desde o ano de 2008, quando o esquema teve início, o faturamento referente a esses contratos já ultrapassou a casa dos R$6 bilhões. Existem rumores de que duas multinacionais estariam envolvidas no esquema, sendo uma brasileira.

Ao todo, foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão no Rio, Brasília e São Paulo. Além dos mandados, a Justiça determinou também a apreensão dos bens dos principais investigados, e a quebra dos sigilos fiscais e bancários. A investigação também conta com o auxílio do Ministério Público Federal.

De acordo com a Polícia Federal, nos últimos seis anos, o faturamento referente a essa contratação ultrapassou R$6 bilhões. Segundo apontam os indícios, houve pagamento de aproximadamente R$100 milhões em propina para servidores da Receita Federal e para empregados da Casa da Moeda.

O sistema de controle teve inicio em 2008 por meio de contrato firmado por inexigibilidade de licitação, sob suspeita de direcionamento para uma empresa. Há indícios também de que a licitação mais recente, feita entre os anos de 2014 e 2015, também foi fraudada para beneficiar a mesma empresa de antes.

Também está sob investigação da Polícia Federal se a contratação de controle na produção de cigarros também seria objeto de fraude.

Através de nota, a Casa da Moeda informou que todos os envolvidos no caso serão exonerados do cargo, e caso seja comprovada a participação, serão demitidos.

Veja a íntegra da nota divulgada pela Casa da Moeda

O atual presidente da Casa da Moeda (CMB), Francisco Franco, assumiu a empresa em 2012. Ao tomar ciência dos principais assuntos, identificou uma suspeita de irregularidade na forma de contratação da prestação de serviço do Sistema de Controle da Produção de Bebidas (Sicobe). O presidente acionou os controles internos da empresa, entre eles, a Auditoria da CMB e, em paralelo, encaminhou o caso à Polícia Federal, órgão responsável por investigar possíveis desvios em empresas federais. 

Desde que a Polícia Federal foi acionada, há dois anos, a direção da Casa da Moeda tem colaborado com as investigações. A direção ressalta ainda que todos os empregados envolvidos no caso serão exonerados dos cargos e, se comprovada na Justiça a sua participação, serão demitidos. 

Em atendimento à uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para prospectar novos fornecedores, a Casa da Moeda do Brasil realizou em 2012 um chamamento público para o Sicobe.                                

O serviço, complexo tanto do ponto de vista tecnológico quanto logístico, é prestado à Receita Federal do Brasil, conforme determina a lei 10833/2003 e o projeto de lei de conversão nº 15/2014 da Medida Provisória nº 651, no controle de bebidas (Sicobe) e de cigarros (Scorpios).

O chamamento público atraiu empresas brasileiras e estrangeiras, e verificou quais eram aptas a participar de um futuro certame.

Durante o procedimento de avaliação das tecnologias foram classificadas três empresas (Arjo Wiggins, SICPA e Valid) capazes de atender aos requisitos técnicos e legais do Sicobe. A partir da experiência acumulada com o chamamento público, a CMB considerou oportuno lançar, em 2013, um edital de concorrência internacional para o Sicobe, com o objetivo de estimular a competitividade e proporcionar a todas as empresas interessadas a oportunidade de apresentarem suas soluções tecnológicas. 

A edição final do edital só foi publicada após as audiências públicas, onde todos os concorrentes puderam dar suas opiniões, sugestões e tirar dúvidas. Além das três empresas que participaram do chamamento público, a De La Rue também foi considerada habilitada a participar do certame. 

Ultrapassadas as várias fases do processo licitatório, em que sempre foram respeitados os prazos recursais e os princípios da transparência, publicidade e legalidade, restaram duas empresas (SICPA e Valid) pré-qualificadas para a realização dos testes práticos, etapa mais importante de todo o procedimento.

Os testes práticos aconteceram em duas linhas de produção da Ambev, no Rio Grande de Sul, e foram analisados por uma comissão técnica formada por representantes da Casa da Moeda do Brasil e um auditor da Receita Federal. As licitantes foram avaliadas sobre sua aptidão em cumprir a especificação técnica do Anexo I, bem como a instrução Normativa RFB nº 869/2008.

Todos os critérios de avaliação e aprovação constavam de maneira clara e objetiva no edital de pré-qualificação, e os testes práticos foram documentados por meio de filmagens e de fotos.

A solução da Valid foi reprovada, tendo recebido "inapto" nos critérios de avaliação "Qualidade de Identificação de Marcas", "Qualidade da Contagem da Produção", "Qualidade da Codificação de Segurança", 'Tecnologia da Informação" e "Especificações do Anexo I" (subitem II.II.iv).

Passados todos os prazos para recursos, manteve-se a aprovação nos testes apenas da Sicpa, atual prestadora do serviço, para a próxima fase de apresentação da proposta de preço. No entanto, uma única empresa configura falta de competitividade. E uma das finalidades da licitação é a obtenção da melhor proposta, com mais vantagens e prestações menos onerosas para a Administração, garantindo a participação do maior número de competidores possíveis.

Como a continuidade e segurança do serviço está assegurada, pois o contrato atual tem vigência até dezembro de 2016, e o artigo 49 da Lei de Licitações e Contratos Administrativos prevê a possibilidade de revogação do procedimento licitatório em caso de interesse público, o presidente da Casa da Moeda (CMB), Francisco Franco, decidiu pela revogação da licitação na modalidade Concorrência Internacional nº 0001/2014.

Ressalte-se, ainda, que, devido à relevância do tema, a CMB solicitou o auxílio da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda – SEAE, no próximo processo licitatório. A SEAE já finalizou a nota técnica e em breve será lançado um novo edital, a fim de que seja possível estabelecer um ambiente competitivo mais adequado e isonomico.

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