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Dilma diz que não respeita "delator" e nega ter recebido dinheiro ilícito na campanha

Obama e a colega brasileira visitaram o memorial de Martin Luther King

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Após participar de um encontro entre empresários americanos e brasileiros, em Nova York, a presidente Dilma Rousseff disse que não "respeita delator", numa referência ao depoimento do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa. Ele afirmou na delação premiada que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente.

"Eu quero dizer algumas coisas sobre isso. Primeira coisa: a minha campanha recebeu dinheiro legal, registrado, de R$ 7 milhões, R$ 7,5 milhões. Na mesma época que eu recebi os recursos, pelo menos uma das vezes, o candidato que concorreu comigo recebeu também, com uma diferença muito pequena de valores...Eu estou falando do Aécio Neves, só tinha um candidato que concorreu comigo, não tinham dois. Além disso, eu nunca recebi esse senhor, eu nunca o recebi, em toda a minha passagem pelo meu primeiro mandato. Terceiro, eu não tenho esse tipo de prática. Quarto, eu não aceito, e jamais aceitarei, que insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade, primeiro porque não houve, segundo, porque se insinuam, alguns têm interesses políticos e, terceiro, entre… eu sou mineira, sou mineira, então eu tenho uma coisa que me acompanhou, ao longo da vida: em Minas, na escola, quando você aprende como é que é a bandeira, você desenha a bandeira, que é o triângulo, e escreve “Libertas Quae Sera Tamen”, e aprende sobre a inconfidência mineira. E tem um personagem que a gente não gosta, por quê? As professoras nos ensinam a não gostar dele, e ele se chama Joaquim Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora; a ditadura fazia isso com as pessoas presas. E eu garanto para vocês que eu resisti bravamente, até em alguns momentos fui mal interpretada, quando eu disse que para… em tortura, a gente tem de resistir, porque senão você entrega seus presos. Então, não respeito nenhum… nenhuma fala. Agora, acho que a Justiça, para ser bem precisa, a Justiça tem de pegar tudo o que ele disse e investigar. Tudo, sem exceção. A Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal", disse Dilma.

Dilma negou que tenha recebido dinheiro ilícito em sua campanha à reeleição, no ano passado. "Não tenho esse tipo de prática. Não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro, porque não houve. Segundo, porque, se insinuam, alguns têm interesses políticos", disse Dilma.

>> Dilma: "Precisamos reduzir riscos para negócios no Brasil" 

A presidente defendeu que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem a delação de Pessoa, e afirmou que tomará providências se o empresário a citar nos depoimentos. "Nós vamos avaliar com cada ministro porque é foro deles".

Dilma também comentou a proposta que será discutida eta semana no Congresso de limitar a participação da Petrobras na exploração do pré-sal. "A Petrobras, no pré-sal, tem uma participação bem… não é muito grande a participação da Petrobras, é 35% de… aliás, desculpa, é 30%... Por exemplo, em Libra, eu vou te dar a de Libra, tá? É 30% de 30%. Ela não tem uma grande participação. Ela é uma boa parceira. Por quê? Porque quando os preços do petróleo estão mais baixos, o que acontece? Acontece que todo investidor, ou toda empresa que investe, procura reduzir o risco. Como é que ela reduz o risco? Ela reduz o risco selecionando os melhores projetos, e selecionando parceiros que têm conhecimento do que fazem. Vamos lembrar que a Petrobras ganhou, este ano, o prêmio do “oscar” do petróleo, que é o prêmio da OTC em Inovação por extrair petróleo em águas profundas. Foi premiada porque duas empresas, geralmente, eu não vou falar de quais são, eu posso falar da Petrobras, mas uma outra grande empresa europeia é a outra que ganha os prêmios de exploração de petróleo em águas profundas, divide conosco essa liderança", explicou.

"E acredito que a Petrobras, em exploração, em lâminas d’água de sete mil metros ou de sete quilômetros, ela é uma empresa bastante atraente como parceira. E também porque conhece a bacia sedimentar brasileira, e conhece o pré-sal, porque descobriu o pré-sal. Então, é importante, quando você tem preços baixos do petróleo investir onde você sabe que tem petróleo, onde você sabe que tem petróleo de qualidade, o que diminui seu risco, mas também onde você sabe que tem regras claras, que se respeitam contratos, que não tem risco, eu diria, geopolítico", concluiu.

Depois da agenda em Nova York, a presidente brasileira seguiu para Washington onde foi recebida pelo colega americano Barack Obama. Os dois visitaram o memorial de Martin Luther King.