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Viagem é contraindicada a paciente que sofre embolia, diz especialista

Professor Barros Franco explica os riscos no caso do ministro Joaquim Levy

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A pedido do Jornal do Brasil, o pneumologista Carlos Alberto Costa de Barros Franco fez uma análise dos casos e riscos da embolia pulmonar, problema que sofreu o ministro Joaquim Levy na noite de sexta-feira (26). O professor Barros Franco foi categórico ao afirmar que um paciente com este problema não pode fazer viagens de avião, como fez Levy no sábado: "O paciente que sofre uma embolia pulmonar, independentemente se leve ou não, está contraindicado de fazer esforços e viagens, especialmente em aviões."

O professor Barros Franco destacou ainda que as companhias aéreas, cientes do problema, "devem contraindicar a viagem pois, caso contrário, assumem um risco conhecido de uma complicação a bordo."

O professor Barros Franco é graduado pela UFRJ, professor titular de pneumologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio, membro titular da Academia Nacional de Medicina. Ao longo de sua trajetória, foi médico visitante em vários hospitais do exterior, com foco em pneumologia clínica, câncer de pulmão e broncoscopia intervencionista, entre eles: Mount Sinai Hospital (Nova Iorque York, EUA); Toronto General Hospital (Toronto, Canadá); Los Angeles County (Los Angeles, EUA); MD Anderson Hospital (Houston, EUA); e Centro de Laser do Hospital Espanhol (Buenos Aires, Argentina).

Veja o artigo do professor Barros Franco:

Tromboembolismo

A embolia pulmonar produzida pode ser produzida por coágulo, tecido gordurosa, células neoplásicas ou corpos estranhos

A embolia pulmonar produzida por coágulo toma o nome de tromboembolia. Nesse caso, geralmente um coágulo formado nos membros superiores se desloca para o pulmão ocluindo uma ou mais artérias pulmonares. 

As principais causas da formação desses coágulos são a imobilidade como ocorre nas internações hospitalares ou nas viagens longas especialmente em aviões. No caso de aviões, concorre além da imobilidade o ar seco e o uso de bebidas alcoólicas que determina leve desidratação.

Nos EUA ocorrem cerca de 500 mil casos, sendo que desses 50 mil morrem.

Os principais sintomas são dor no peito e falta de ar, e os principais meios de diagnóstico são a pesquisa de trombos nas pernas através de um exame chamado Dopler e o estudo das artérias pulmonares através de um exame chamado Angiotomografia.

Feito o diagnóstico, o tratamento nos casos mais severos é feito internado com anticoagulantes injetáveis chamados de heparina e, nos casos menos graves, após curta internação o paciente pode ir para a casa usando os novos anticoagulantes orais que são: Rivaroxabana, Dabigatram e Apixabana, sendo o tempo de tratamento de 3 a 6 meses.

O paciente que sofre uma embolia pulmonar, independentemente se leve ou não, está contraindicado de fazer esforços e viagens, especialmente em aviões, pelo que foi dito acima.

Por outro lado, as companhias aéreas, sabedoras que o passageiro apresenta essa doença recente, devem contraindicar a viagem pois, caso contrário, assumem um risco conhecido e uma complicação a bordo. Essa atitude deve ser tomada ainda que um atestado médico não contraindique a viagem, fato que acho improvável que algum médico se exponha a esse risco.

A reportagem do Jornal do Brasil entrou em contato com a companhia aérea pela qual o ministro viajou - American Airlines - para esclarecer o caso. No dia 29 de junho, a American Airlines respondeu afirmando que "não comenta informações sobre clientes."