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"Tomarei as medidas em defesa da minha honra", diz Edinho

Ministro afirmou que vazamento seletivo não tem lastro com a realidade

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O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, criticou o que chamou de ‘vazamento seletivo’ da delação premiadas, em entrevista coletiva, no início da tarde deste sábado (27/6). Edinho questionou por que só as doações para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 foram colocadas sob suspeição quando a UTC doou recursos para outras campanhas. Ele nega que tenha pressionado o dono da empresa Ricardo Pessoa a contribuir em troca da manutenção de contratos com a Petrobras. "Como coordenador financeiro da campanha da presidente Dilma, eu agi estritamente dentro da legalidade", declarou Silva.

Edinho declarou também que constituiu advogado, que quer ter acesso ao conteúdo da delação premiada. “Faço questão de ser ouvido nos autos. Caso se confirme as mentiras divulgadas pela imprensa, eu tomarei as medidas judiciais em defesa da minha honra”. O ministro voltou a criticar o vazamento da delação: “Existe um vazamento seletivo que não tem lastro com a realidade. Se comprovadas essas mentiras, farão cessar os benefícios da delação premiada”, enfatizou.

De acordo com Edinho, que foi o coordenador financeiro campanha da presidente Dilma em 2014, foram doados legalmente R$7,5 milhões, o que corresponde a 2% do arrecadado na campanha presidencial. O ministro admitiu ter se encontrado três vezes com Pessoa para tratar dessas doações sem que os contratos com a Petrobras fizessem parte do diálogo. Ele ressaltou que, como coordenador financeiro da campanha, se reuniu com “dezenas” de empresários brasileiros ao longo do ano passado. “Como fizeram os tesoureiros das outras campanhas, até porque não tem como ser diferente. Todos os tesoureiros que cumprem a tarefa de coordenação financeira a cumprem com diálogo com o empresariado para que as arrecadações aconteçam”, acrescentou.

Edinho disse ainda que as contas da presidente Dilma foram rigorosamente auditadas e aprovadas pelo Superior Tribunal Eleitoral. “Então, me causa indignação que meu nome tenha sido envolvido em uma delação premiada. Me causa indignação o vazamento seletivo desta delação e me causa indignação a tese de criminalização das doações à nossa campanha”, completou Edinho.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu Edinho. Segundo Cardozo, A delação premiada não é um documento definitivo é uma guia para investigações. “A presidente Dilma sempre orientou para arrecadar estritamente dentro da lei. Se alguém fala o contrário, que demonstre. Tudo o que sei é que o ministro Edinho cumpriu o que foi orientado pela presidente da República”, ressaltou Cardozo.

A coletiva foi convocada depois da publicação de uma reportagem no site da Revista Veja que relaciona os nomes de 18 políticos supostamente citados pelo dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, no depoimento resultante de acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Operação Lava Jato.  Entre esses políticos, há dois ministros – o próprio Edinho Silva, que foi coordenador da campanha eleitoral da presidente Dilma, e Aloizio Mercadante (Casa Civil). 

A coletiva foi convocada depois da publicação de uma reportagem no site da Revista Veja que relaciona os nomes de 18 políticos supostamente citados pelo dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, no depoimento resultante de acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da Operação Lava Jato.

Entre esses políticos, há dois ministros – o próprio Edinho Silva, que foi coordenador da campanha eleitoral da presidente Dilma, e Aloizio Mercadante (Casa Civil).

De acordo com o site Veja, Ricardo Pessoa prestou depoimentos durante cinco dias, em Brasília nos quais descreveu como financiou campanhas e distribuiu propinas. A colaboração dele com a Justiça vinha sendo ajustada há cerca de um mês. Segundo a publicação, Pessoa citou os seguintes nomes, com os respectivos valores que teriam sido doados:

- Campanha de Dilma Rousseff em 2014: R$ 7,5 milhões.

- Campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006: R$ 2,5 milhões.

- Ministro Edinho Silva (PT), ex-tesoureiro da campanha de Dilma: valor não informado.

- Ministro Aloizio Mercadante (PT): R$ 250 mil.

- Senador Fernando Collor (PTB-AL): R$ 20 milhões.

- Senador Edison Lobão (PMDB-MA): R$ 1 milhão.

- Senador Gim Argello (PTB-DF): R$ 5 milhões.

- Senador Ciro Nogueira (PP-PI): R$ 2 milhões.

- Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP): R$ 200 mil.

- Senador Benedito de Lira (PP-AL): R$ 400 mil.

- Deputado José de Fillipi (PT-SP): R$ 750 mil.

- Deputado Arthur Lira (PP-AL): R$ 1 milhão.

- Deputado Júlio Delgado (PSB-MG): R$ 150 mil.

- Deputado Eduardo da Fonte (PP-PE): R$ 300 mil.

- Prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP): R$ 2,6 milhões.

- Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto: R$ 15 milhões.

- Ex-ministro José Dirceu: R$ 3,2 milhões.

- Ex-presidente da Transpetro Sergio Machado: R$ 1 milhão.

Abaixo, leia o que os políticos divulgaram por meio de nota à imprensa sobre o que teria sido dito na delação premiada por Ricardo Pessoa, segundo a revista "Veja":

Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil

Tendo tomado conhecimento, nesta sexta-feira, 26, por meio de veículos de imprensa, sobre suposta citação ao meu nome em delação premiada do senhor Ricardo Pessoa, presidente da UTC, tenho a esclarecer que:

1.    Desconheço o teor da delação premiada do senhor Ricardo Pessoa;

2.    A empresa UTC, por ocasião da campanha ao Governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral. Essa doação foi feita em 27 de agosto de 2010, com recibo eleitoral nº 13001092079.

3.    A empresa Constran Construções, que pertence ao mesmo grupo, fez uma contribuição, também devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral. Essa doação foi feita em 29 de julho de 2010, com recibo eleitoral nº 13001092017.

Assessoria de Imprensa

Aloysio Nunes Ferreira, senador (PSDB-SP)

Nota à imprensa sobre matéria da revista Veja

Brasília – A quantia mencionada nas reportagens que tratam da delação premiada do ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa, foi efetiva e legalmente arrecadada pelo comitê de minha campanha ao Senado em 2010. A doação foi feita conforme a Lei, consta da prestação de contas encaminhada à Justiça Eleitoral, sendo por ela aprovada e está publicada na Internet para conhecimento de todos, há mais de quatro anos. Não tenho, portanto, nada a esconder quanto a esse episódio, tampouco estou sendo acusado de coisa alguma.

Em 2010, não havia operação Lava Jato e eu, como a imensa maioria dos brasileiros, não tinha conhecimento das relações promíscuas entre a UTC e a Petrobras.

Nunca fui procurado por Ricardo Pessoa, nem antes e nem depois da campanha, para patrocinar pleitos junto à Petrobras, uma vez que, entre outras razões, é pública e notória a minha frontal oposição ao governo petista, à sombra do qual esse senhor prosperou. Aliás, não conheço Ricardo Pessoa; nunca o vi mais gordo e muito menos mais magro.

Fica a interrogação: a quem interessa, agora, misturar uma contribuição que seguiu estritamente os parâmetros legais (e há muito divulgada na Internet), com toda essa história sórdida, de dinheiro sujo, roubado da Petrobras por essa organização criminosa instalada no topo da empresa pelos governos do PT?

Aloysio Nunes Ferreira, Senador (PSDB-SP)

Brasília, 26 de junho de 2015

Arthur Lira, deputado (PP-AL)

Todas as doações feitas para a campanha do deputado Arthur Lira estão registradas.

Assessoria de imprensa do deputado Arthur Lira.

Benedito de Lira, senador (PP-AL)

A campanha de 2010 recebeu uma doação da empresa Constram Engenharia no valor de 400 mil reais, valor que está declarado na prestação de contas que o Senador Benedito de Lira entregou ao Tribunal Regional Eleitoral.

Edinho Silva, ministro da Comunicação Social

O Ministro Edinho Silva esteve com o empresário Ricardo Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha. A primeira, quando o conheceu, foi quando o empresário esteve no comitê da campanha em Brasília. O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações em 3 parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais.  O Ministro Edinho jamais tratou de assuntos relacionados a qualquer empresa, ou órgão público com o referido empresário. As contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Assessoria de Imprensa do Edinho Silva

Edison Lobão, ex-ministro e senador (PMDB-MA)

O advogado do senador Edison Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro afirmou que a reportagem repete delações anteriores que na opinião dele, já foram desmentidas. Segundo o advogado, “nem o Ministério público confirma as delações que estão sendo postas”.

"Estamos vivendo a República das delações. Tirando o desgaste político, tecnicamente não me preocupa. As delações são tantas no Brasil que elas se entrelaçam e depois não se comprovam”, declarou.

Fernando Haddad, prefeito de São Paulo (PT)

O prefeito Fernando Haddad desconhece as informações relatadas e reafirma que as doações e despesas de sua campanha foram devidamente declaradas à Justiça Eleitoral. O saldo devedor, após o fim da campanha, foi absorvido e posteriormente quitado pelo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores.

Assessoria de Imprensa – Secom

João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT

A defesa de Vaccari diz que "não tem conhecimento oficial do conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa.

Reitera que o Sr. Vaccari jamais solicitou doações ao PT, com origem ou destino de caixa dois.

Cumprindo seu dever de tesoureiro, a partir de 2010, o Sr. Vaccari solicitou doac?o?es, a pessoas fi?sicas e juri?dicas, destinadas ao Partido dos Trabalhadores, todas elas legais, por via banca?ria, com emissa?o de recibos e sob fiscalizac?a?o das autoridades competentes".

José Dirceu, ex-ministro

NOTA À IMPRENSA

O ex-ministro José Dirceu reitera que o contrato com a UTC, assinado em fevereiro de 2012, teve o objetivo de prospecção de negócios para a construtora fora do Brasil, em especial no Peru e na Espanha. A UTC, em comunicado anterior, confirmou à imprensa que a JD Assessoria e Consultoria prestou serviços no exterior.

Importante destacar que a própria defesa de Ricardo Pessoa não confirma a autenticidade das planilhas e que não comentaria as informações porque a delação é sigilosa.

José de Fillipi, secretário de saúde de São Paulo e ex-tesoureiro de campanha de Lula (PT-SP)

Nota à Imprensa

Em relação às supostas informações prestadas pelo senhor Ricardo Pessoa em depoimento de delação premiada à Justiça, esclareço que:

Durante a campanha de 2010 mantive contatos de forma transparente com diversas empresas em busca de doações eleitorais, portanto legalmente registradas, incluindo o senhor Ricardo Pessoa;

Todas as doações feitas pela UTC foram realizadas via Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral;

Não solicitei e nem recebi doação que não seja legal;

Os dados das prestações de contas são públicos e estão disponíveis no site do TSE para consulta.

Atenciosamente,

José de Filippi Jr.

Júlio Delgado, deputado (PSB-MG)

A indevida e irresponsável inclusão do meu nome em lista de doações ilícitas e recebimento de propina para campanhas políticas é uma clara tentativa de me usar para desmoralizar os trabalhos da CPI da Petrobras, cuja responsabilidade é esclarecer o esquema de corrupção montado para desviar recursos públicos.

Desde a instalação da CPI atuo de maneira enfática para investigar as denúncias da Operação Lava Jato. Na instalação da comissão apresentei requerimento de convocação do empresário Ricardo Pessoa, presidente da UTC, para detalhar aos parlamentares os métodos e procedimentos utilizados por essa organização.

Repudio veementemente a leviandade de vincular meu nome a doações irregulares e sinto-me ainda mais motivado e convicto de que a comissão precisa ser mais rígida e transparente, deve ir fundo nesta apuração. É nossa obrigação apresentar a verdade à sociedade brasileira.

Reitero que a doação divulgada pela imprensa e creditada a mim foi, na verdade, destinada ao Diretório Estadual de Minas Gerais do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e repassada a 16 candidatos a deputados estaduais e federais (lista anexa). Não recebi um centavo sequer desses recursos, todas as transferências estão declaradas à Justiça Eleitoral e disponíveis a consulta pública.

Essa tentativa de intimidação não vai alterar minha postura parlamentar, muito menos influenciar em minha atuação na CPI da Petrobrás. Vou exigir acesso ao conteúdo dos depoimentos na delação premiada do empresário e insistir em sua convocação, o mais breve possível, para prestar esclarecimentos e fazer uma acareação na CPI.

Deputado Júlio Delgado

PT

A Secretaria de Finanças do PT informa, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que todas as doações recebidas pelo partido aconteceram estritamente dentro da legislação vigente e foram posteriormente declaradas à Justiça.

Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro

O ex-presidente da Transpetro Sergio Machado informou que "nega com veemência a acusação" publicada pela revista Veja.

Tiago Cedraz, advogado

Em nota, o TCU disse que, no processo no qual Tiago Cedraz supostamente havia feito lobby em favor da UTC, o ministro relator Raimundo Carreiro "agiu agiu com todo o rigor técnico que o caso exigia, tendo recomendado correções, exigido acompanhamento por parte da unidade técnica do tribunal e inclusão do empreendimento no rol de obras constantes do planejamento de fiscalização de obras do TCU".