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Ex-gerente diz que casos de corrupção na Petrobras são 'localizados e pontuais'

Engenheiros dizem estar tristes e indignados com corrupção

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O engenheiro Ivo Tasso Bahia Baer, ex-gerente de interligações da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, disse à CPI da Petrobras que casos de corrupção na empresa são localizados e pontuais.

“Localizados em quem?”, perguntou o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da comissão. “Pelo que li na imprensa, localizado no Paulo Roberto (Costa), no (Pedro) Barusco”, disse.

Outro depoente, o engenheiro químico Gilberto Moura da Silva, gerente-geral da Refinaria de Capuava (Recap) e ex-diretor industrial do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), disse à CPI que não participou dos processos de licitação e construção do complexo.

“Minha função era operacional. Eu fui chamado para coordenar o trabalho das empresas petroquímicas criadas para operar no complexo”, disse.

Já o engenheiro Flávio Fernando Casa Nova da Motta, gerente geral da área de engenharia do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e ex-gerente de empreendimentos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, contestou auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontou sobrepreço em obras da refinaria Abreu e Lima.

Segundo o TCU, as obras de implantação das unidades UCR, UHDT/UGH, UDA e Tubovias da refinaria Abreu e Lima tiveram sobrepreço de R$ 1,3 bilhão, equivalente a 14% do valor dos contratos.

A fiscalização foi feita em 2010 e, segundo o engenheiro, o tribunal teria revisto este valor com base nas informações que a Petrobras forneceu posteriormente no processo.

“Foi incluído neste sobrepreço até o valor da alimentação fornecida aos operários”, disse o engenheiro.

Em outro depoimento, o engenheiro Heleno Lira, responsável por obras de infraestrutura da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, disse à CPI que não houve superfaturamento na contratação de terraplanagem.

Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), as obras de terraplanagem tiveram sobrepreço de R$ 69,9 milhões. “O próprio tribunal depois reduziu este valor para R$ 19 milhões, com as explicações dadas pela Petrobras, mas este processo ainda não foi julgado”, disse.

Para Lira, os mecanismos de controle interno da Petrobras eram rígidos o suficiente para evitar superfaturamento. Segundo ele, o valor contratado para o serviço foi menor que a estimativa de custos feita pela própria Petrobras.

“Mas é possível funcionários receberem vantagens indevidas decorrentes de medição de obras?”, perguntou o deputado Leo de Brito (PT-AC) – que substitui o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

“Eu não acredito. Nosso sistema tem um procedimento muito forte”, respondeu o engenheiro.

Engenheiros dizem estar 'tristes e indignados' com a corrupção na Petrobras

Os engenheiros Heleno Lira e Flávio Fernando Casa Nova da Motta disseram à CPi da Petrobras estar tristes e indignados com as denúncias de corrupção na empresa.

Eles afirmaram à CPI que nunca perceberam qualquer irregularidade, nem nos processos de licitação internas, e nem no comportamento das empresas, que se organizaram em um cartel – segundo as investigações da Operação Lava Jato.

“Tenho sentimento de ódio, revolta, porque eu fiz o meu trabalho exatamente como a companhia mandou. É inaceitável estarem fazendo isso com uma empresa que tanto amamos”, disse Motta.

Ele disse que não tinha nenhum elemento para desconfiar de formação de cartel ou de sobrepreço nas licitações que coordenou. “Eu conduzi sete processos de licitação. Desses, cinco ficaram abaixo do valor estimado”, disse.

Lira disse que ficou “triste e indignado” com as denúncias de pagamento de propina e superfaturamento. “Infelizmente, o pagamento de propina só foi descoberto com a investigação policial”, disse.