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Executivos do Grupo Schahin ficam calados na CPI da Petrobras

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Os cinco executivos do Grupo Schahin convocados para depor nesta quarta-feira (27) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras se recusaram a responder as perguntas dos deputados. Carlos Eduardo Schahin, Milton Toufic Schahin, Salin Toufic Schahin, Rubens Toufic Schahin e Pedro Henrique Schahin compareceram à CPI amparados por um habeas corpus concedido pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). A liminar dava a eles o direito de não responder as perguntas – apesar de terem sido convocados como testemunhas e não como acusados.

Eles se recusaram a responder todas as perguntas feitas pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), sub-relator da CPI da Petrobras responsável pela convocação dos executivos. “A Schahin pagou propinas por contratos com a Petrobras?”, perguntou o deputado. “Por orientação de nossos advogados, vou permanecer em silêncio”, disse o empresário.

O mesmo se repetiu em relação a perguntas sobre os contratos do grupo com a Petrobras, as dívidas das empresas e eventuais contas do grupo no exterior.

Diante do silêncio dos depoentes, os deputados já avisaram que vão apresentar requerimentos pedindo o aprofundamento das investigações sobre o grupo.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) quer uma busca para apreensão de documentos na sede da empresa.

O deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) quer o rastreamento das contas dos empresários no exterior. “Temos indícios de que os executivos têm milhões de dólares em contas no exterior”, disse. Ele enumerou contas de bancos em diversos países que, segundo ele, somam depósitos de R$ 500 milhões.

Côrtes também quer a convocação de Kenji Otsuki, executivo do Grupo Schahin acusado pelo doleiro Lúcio Funaro de pagar propina em troca de contratos.

Contratos

A Schahin Engenharia, uma das empresas do grupo, está entre as citadas como participantes de cartel que atuava na Petrobras. Ela arrendava cinco plataformas de perfuração para a estatal, contratos que somavam 5 bilhões de dólares. Depois de deflagrada a Operação Lava Jato, a Schahin perdeu os contratos e entrou na Justiça com pedido de recuperação.

As negativas dos empresários irritaram os deputados da CPI, que chegaram a discutir com os advogados da família Schahin, Eduardo Sanz de Oliveira e Silva e Guilherme de Araújo. A deputada Eliziane Gama acusou Carlos Eduardo Schahin, primeiro depoente a recusar-se a responder as perguntas, de desrespeitar a comissão. “É uma falta de respeito com essa comissão. Quero pelo menos que olhe nos meus olhos enquanto eu falo. E os advogados ficam o tempo todo no WhatsApp enquanto falamos”, disse a deputada. Os advogados protestaram.

Em depoimento no processo judicial de delação premiada , o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco associou a empresa ao pagamento de propina. Barusco afirmou que fez uma “troca de crédito” de propina a receber com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto: Vaccari teria ficado com o débito da Shahin, resultante de propina a ser paga por um contrato para a construção do Centro de Pesquisa da Petrobras, e Barusco com um crédito que Vaccari tinha com outra empresa.

Novos depoimentos

Nesta quinta-feira (28), às 9h30, a CPI vai ouvir os depoimentos de dois executivos ligados à construtora OAS, suspeita de formação de cartel e pagamento de propina em contratos com a Petrobras: José Ricardo Nogueira Brechirolli e Mateus Coutinho de Sá Oliveira.

As empresas do grupo OAS celebraram contratos com a Petrobras no valor de R$ 10 bilhões e 48 milhões de dólares entre 2005 e 2014. A empresa é acusada de pagar propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.