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Bate-boca e tumultos marcam votação da MP do ajuste fiscal

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A sessão da Câmara para votar a MP 665, que muda regras de acesso ao seguro-desemprego, abono salarial e seguro-defeso de pescadores, foi marcada por tumulto nas galerias e bate-boca entre deputados. Sindicalistas da Força Sindical jogaram no Plenário centenas de réplicas de notas de 100 dólares com a imagem da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, e do ex-secretário do PT, João Vaccari Neto.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mandou esvaziar as galerias por causa do tumulto. Enquanto eram retirados pela segurança da Câmara, os sindicalistas e parlamentares de diferentes partidos, na maioria da oposição, cantaram o Hino Nacional. 

Logo depois do tumulto, um grupo de deputadas se manifestou em Plenário dizendo o refrão: “a violência contra a mulher não é o Brasil que a gente quer!”. A manifestação ocorreu após desentendimento entre a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), e os deputados Roberto Freire (PPS-PE) e Alberto Fraga (DEM-DF).

O desentendimento começou depois que o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) exigiu punição aos manifestantes que jogaram cópias de notas de dólar sobre o Plenário. “Atirar objetos no Plenário da Câmara é inaceitável. Quero que determine quem veio aqui e tomemos as medidas cabíveis para demonstrar que não se aceita a intolerância verificada no Plenário”.

Roberto Freire comentou que, durante a votação da proposta que regulamenta a terceirização (PL 4330/04), manifestantes agrediram o deputado Lincoln Portela (PR-MG) e nenhum deputado do PCdoB e do PT defendeu o parlamentar.

Depois, quando Orlando voltou a falar, Freire tentou interrompê-lo e foi impedido pela deputada Jandira Feghali. Já o deputado Alberto Fraga criticou a conduta de Jandira e defendeu a violência contra mulheres que agridem homens.

Em seguida, vários parlamentares criticaram a fala do deputado do DEM. "Preocupa-me que a cena que assisti hoje possa ser tratada como algo corriqueiro", afirmou o líder do Pros, deputado Domingos Neto (CE).

O deputado Glauber Braga (PSB-RJ) também criticou o discurso de Fraga. “A ameaça de qualquer parlamentar não vai me intimidar em 0,01% nas ações contra esse tipo de medida machista, violenta e retrógrada. A fama dele no Distrito Federal de matador ou qualquer coisa não vai me intimidar”.

Alberto Fraga respondeu que a fama dele era de um homem de palavra que enfrentava problemas com firmeza. “O que não aceito é a cretinice, a hipocrisia de se dar de vítima. O povo me elegeu como mais votado e não vai ser um guri que vai me calar”, disse.

A sessão foi retomada em seguida, e o plenário rejeitou, por 283 votos a 90 e 8 abstenções, requerimento da oposição que pedia o adiamento da votação da Medida Provisória 665/14 por duas sessões.