ASSINE
search button

Cunha volta a atacar Renan: 'Crítica foi incorreta' 

Compartilhar

Neste sábado (2) um novo round entre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), expôs mais uma vez o embate entre os líderes do mesmo partido. Cunha criticou declarações de Renan Calheiros, que disse que o PMDB não pode transformar a coordenação política em uma "articulação de RH para distribuir cargos e boquinhas." Para Cunha, a declaração de Renan foi uma uma "crítica incorreta", já que deveria ter sido feita dentro do partido.

Os embates entre Cunha e Renan têm sido uma constante. Recentemente eles também divergiram sobre o Projeto de Lei da terceirização. Cunha afirmou no último dia 23 que poderá retaliar Renan em votações de matéria de interesse dos senadores, caso o senador atrase a tramitação do projeto que expande a terceirização no país.

"Se o Senado pode segurar projetos, a Câmara pode segurar também", ameaçou Cunha. "Pau que dá em Chico também dá em Francisco. Engaveta lá, engaveta aqui", ironizou.

Perguntado se isso significa chumbo trocado, Cunha respondeu: "Não sei ainda, isso dependerá do conjunto, não só de mim, mas óbvio que a Câmara tem o que segurar", disse.

>> Terceirização: Cunha e Renan em rota de colisão

Cunha conversou com jornalistas neste sábado após participar de um encontro com representantes do setor do agronegócio em Uberaba (MG), e comentou as críticas de Renan ao partido e ao fato de o vice-presidente da República, Michel Temer, ter passado a centralizar a distribuição de cargos no segundo escalão do governo Dilma Rousseff.

"O que está acontecendo é um debate político, divergências explicitadas pelo presidente do Senado, algumas das quais eu discordo. Acho que a crítica feita ao vice-presidente Michel [Temer] é uma critica incorreta, até porque ele [Renan] participou do processo, com comunicação prévia de que o vice-presidente ia ser o coordenador político do governo", disse Cunha.

"Então quando o presidente o Senado faz críticas a isso ele tem que dizer as motivações para as críticas dele. E se ele tem problemas internos no PMDB, ele deve debater dentro do partido. Fora disso, cada um tem o direito a ter sua opinião. Eu respeito a opinião dele, como tenho uma opinião diferente”, completou.

Na quinta, Temer divulgou nota afirmando que o Brasil precisa de 'políticos à altura dos desafios' do país e que respeito institucional é a "essência da atividade política". 

Cunha também fez críticas ao PT, afirmando que o partido tem "15 correntes" internas de pensamento. "O nome já diz que é partido. Se fosse uniforme, seria inteiro. É 'Construindo um novo Brasil', é não sei o quê. O PMDB pode ter suas divergências eventuais, mas não tem correntes", destacou.

As declarações de Renan Calheiros sobre o ajuste fiscal defendido pelo governo federal para reequilibrar as contas públicas também foram comentadas por Cunha. Renan chegou a declarar que as propostas do governo Dilma são, na verdade, "ajuste trabalhista". 

“Nem ele nem eu temos esse direito a esse papel. O meu papel, como presidente da Câmara, eu vou colocar o ajuste em votação na próxima semana. [...] É papel do governo ter a sua base para construir a sua maioria. Quando chegar no Senado, ele [Renan] tem que fazer esse mesmo papel", disse.

O presidente da Câmara afirmou ainda que o Brasil vive uma "crise do chamado presidencialismo", e que Dilma sofreu uma "queda de popularidade" porque adota medidas diferentes do que havia sido debatido na campanha eleitoral.

"O que vivemos é uma crise do chamado presidencialismo. Se vivêssemos um sistema parlamentarista, a solução seria outra. Mas como foi a opção do brasileiro que escolheu presidencialismo, nós estamos vivendo esse tipo de crise. Todos os governantes que estão com crise de popularidade,  alguns momentaneamente outros por mais tempo, acabam sofrendo", disse.

"O que está acontecendo com a presidente é que ela sofreu uma queda de popularidade em função de praticar, de fazer ações de governo, diferentes do que havia sido debatido na campanha eleitoral. O mesmo se passou com o Fernando Henrique [Cardoso, ex-presidente da República] em 1998 que sofreu muito no seu mandato", continuou.

Cunha estava acompanhado do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Marcos Montes (PSD/MG). Um jornalista perguntou a Montes sobre a possibilidade de Eduardo Cunha ser presidente da República. Antes de o deputado responder, Cunha afirmou em tom de brincadeira: "Menos, menos."