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Zelotes: Relator de subcomissão na Câmara cobra de procurador prisões já solicitadas

Deputado Paulo Pimenta quer maior rigor nas investigações e questiona falta de repercussão

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O deputado federal Paulo Roberto Pimenta (PT/RS) se reuniu nesta terça-feira (28/4) com o procurador da República Frederico Paiva, responsável pela Operação Zelotes, para discutir os rumos das investigações pela Câmara Federal. Pimenta disse que o grupo parlamentar vai apurar o motivo de não ter sido realizada nenhuma prisão até o momento, já que a Polícia Federal emitiu vários pedidos de detenção, mas foram negadas pela Justiça. 

"Não consigo entender como uma investigação como esta, com provas, altos valores envolvidos e uma influência social e econômica dos investigados, por quais razões o poder judiciário negar prisões", destaca o parlamentar, acrescentando que esta medida é prejudicial para todo o país, além de estar em desacordo com casos semelhantes, envolvendo valores até menores. 

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Pimenta foi nomeado relator da subcomissão que vai acompanhar o caso pela Câmara, a partir desta quarta-feira (29), quando será oficialmente instaurada. O parlamentar vai se encontrar também, nesta quarta (29), com o delegado Marlon Cajado, da Polícia Federal, para conhecer o desenvolvimento das investigações e saber se a estrutura para respaldar as ações é suficiente e merecida para um trabalho desta natureza. A operação Zelotes invetiga o pagamento de propinas por grandes empresas para ser beneficiadas com a redução de cobranças tributárias ou anulação de cobranças. 

Segundo o deputado, foi apresentado por ele ao procurador da República um plano de trabalho que será seguido pela subcomissão na Câmara, discutido entre os dois em uma rodada de conversas para buscar informações para subsidiar e conhecer o andamento das investigações. Pimenta adianta que irá procurar o juiz responsável pelo caso para entender as razões das prisões não terem sido efetuadas e ele ainda não descarta procurar o Conselho Nacional de Justiça para encaminhar recurso solicitando um acompanhamento do processo. O deputado critica a pouca atenção dada ao escândalo pela mídia e relaciona este comportamento à uma "elite brasileira", "ligada a grupos de grande poder econômico, ao medo de serem finalmente investigados". 

A meta da subcomissão será oferecer maior visibilidade a Operação Zelotes, que completou no último domingo (26) um mês que foi deflagrada. No total, 70 empresas são citadas em supostos pagamento de propinas para manipular julgamentos de processos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O prejuízo pode chegar a R$ 6 bilhões e, segundo a PF, os envolvidos podem ter movimentado quase R$ 19 bilhões em débitos tributários não pagos aos cofres da União. Se confirmado os valores totais, este pode ser um dos maiores esquemas de sonegação fiscal da história do Brasil.