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Zelotes: investigados movimentaram R$ 1,2 bilhão em contas bancárias

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Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), lobistas e advogados investigados na Operação Zelotes movimentaram R$ 1,2 bilhão em 21.541 operações bancárias, aponta reportagem do jornal O Globo. Relatório de investigação da Polícia Federal indica que a maior parte foi movimentada pela SGR Consultoria, uma das empresas criadas para dissimular negociações com empresas que sofreram autuações milionárias da Receita Federal. Só a SGR movimentou R$ 115,6 milhões, entre 2005 e 2013. Operações inferiores a R$ 5 mil não foram contabilizadas. 

“Em suma, quase a totalidade do dinheiro que entrou na conta da SGR Consultoria saiu, sendo que aproximadamente 84% do valor a débito foi retirado de forma que a distribuição não viesse a ser identificada pela instituição financeira”, diz relatório da investigação que O Globo teve acesso.

A família do ex-secretário-adjunto da Receita Federal, Eivany Silva, e outros sócios, têm ou já tiveram participação na SGR. Edison Pereira Rodrigues, que já presidiu o Carf, é um dos sócios. De acordo com a PF, a empresa tem "especialidade não sabida" e a casa que seria sua sede, em uma região nobre de Brasília, seria o local de reuniões para decidir o esquema. 

José Ricardo da Silva é indicado pelas investigações da PF como um dos comandantes do esquema. Ele foi conselheiro do Carf até fevereiro de 2014 e é sócio de nove empresas. Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ligado ao Ministério da Fazenda, ele fez movimentações financeiras atípicas. Entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2015, movimentou R$ 19,6 milhões. A PF destaca no relatório que José Ricardo, aos 40 anos, teve uma "ascensão meteórica".

Reportagem da The Economist chegou a destacar que a Operação Zelotes, que investiga um suposto esquema de fraudes fiscais no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), pode "apequenar" o escândalo de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. "Esse valor (R$ 19,6 milhões) é aproximadamente o dobro dos supostos desvios do esquema de corrupção envolvendo a Petrobras", destacou a revista.

Em resposta, o advogado que atua na defesa da família Silva e dos sócios, Getúlio Humberto Barbosa, informou ao jornal que o escritório da SGR Consultoria funciona, sim, na casa do Lago Sul, e que não se trata de uma empresa de fachada. Destacou ainda que Edison Pereira Rodrigues, que já presidiu o Carf, não integra a sociedade da empresa há alguns anos, e que vai comprovar que os valores recebidos são compatíveis com o trabalho dos advogados. "Os honorários nessa área tributária são honorários grandes", informou ao O Globo.