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Lembo: "A burguesia foi às ruas, o povão ainda não"

Ex-governador analisa protestos e diz que se periferia se levantar, 'vai ser problema muito sério'

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O ex-governador Claudio Lembo deu uma longa entrevista ao jornal Valor Econômico, nesta sexta-feira (27), na qual chamou os tucanos de "raivosos", com destaque para o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira - candidato a vice de Aécio nas eleições presidenciais - atacou a "elite branca"  por sua visão "imediatista" e calcada em "interesses pessoais, não coletivos".

Lembrou quando falou que a minoria branca estava extremamente agressiva por causa do PCC. "Agora vejo a minoria branca toda na carceragem da Polícia Federal em Curitiba", diz destacando que esta é a que mais viciou a máquina do Estado. Lembro afirma ainda que "desde o tempo do Império" é assim. "São sempre os mesmos. É uma endemia complexa e complicada."

O ex-governador citou ainda o caso Petrobras, afirmando que é preciso analisar a mudança da lei 8.666, das licitações, que aconteceu no governo FHC. "Acho que aí está o primeiro erro. Deu dinâmica à Petrobras, mas deu também liberdade muio grande."

Lembo também falou dos protestos do dia 15, contra Dilma. "Quem viu a avenida Paulista no domingo viu a classe média. E é bom que ela se movimente. A classe média é muito parada. Mas ela está sendo injusta, porque ganhou muito dinheiro no período Lula-Dilma. Eles não mexeram no bolso da classe média. Ela tem objetividade, uma nítida visão de interesse pessoal, nunca coletivo. E está apavorada. Quer ganho, mas não risco. Por isso, pede para as Forças Armadas voltarem. A burguesia está na rua. O povão, ainda não. Há alguma coisa em áreas específicas, mas é pouca gente. O movimento sem-teto (MTST) eu acho muito ativo..." [...] Se as periferias das grandes cidades, particularmente São Paulo, se levantarem, vai ser um problema muito sério. Há muita miséria em torno de São Paulo. É extremamente angustiante. Creio que vamos ter um momento difícil para o Brasil daqui para os próximos meses. Algo que vai criar interrogações muito grandes é a ação do ministro Levy. Ele tem sido um pouco autoritário ao se manifestar. Parece o regime militar."

O ex-governador também reforça que hoje o país está socialmente mais dividido. "Naquela época, o PCC, burramente, atacou o Estado. E não foi nada. Queimou um ou dois ônibus, mas apavorou a burguesia. As mensagens por celular estavam no começo. Isso motivou uma comunicação desesperada. havia essa questão da segurança pessoal. Hoje está todo mundo na rua. Todo dia tem tiroteio e ninguém mais liga. Acostumaram."

Para Lembo, se Dilma não ganhasse as eleições o clima de protestos estaria pior. "A burguesia não percebeu porque é imediatista. Se a vitória não fosse de Dilma ia ser muito pior o movimento de rua. Ia ser uma coisa agressiva."