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Lava jato: deputado do PP chora e diz que partido acabou

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O deputado federal Jerônimo Goergen, do PP do Rio Grande do Sul, chorou na manhã desta segunda-feira (9), durante a coletiva de imprensa em que contrapôs a inclusão de seu nome na lista de políticos que serão investigados por suspeita de participação no esquema de corrupção averiguado pela operação Lava-Jato. “Isso machuca a vida da gente. Eu tenho que andar na rua”, disse, soluçando, na metade da conversa de cerca de uma hora com os jornalistas, em seu escritório em Porto Alegre.

Apesar da emoção, o deputado não poupou críticas pesadas contra lideranças do PP, o governo e o sistema político. Suas declarações reforçaram as informações sobre a existência de um ‘racha’ entre dois grupos dominantes dentro do partido e, ainda, um terceiro, menor. Deste terceiro grupo quase todos os integrantes ficaram de fora da lista de investigados. “Não há dúvida de que o PP nacional acabou”, resumiu.

Ele disse ainda que vai disponibilizar suas movimentações financeiras e fiscais e ingressar com uma interpelação judicial contra o doleiro Alberto Yousseff. “Não conheço Alberto Yousseff e vou entrar com uma interpelação judicial contra ele. Ele cita o meu nome em uma delação premiada. Quero saber para quem entregou o dinheiro. Quem recebeu, quando é que me entregou, aonde e quanto. Vou pedir que ele prove, porque, senão, fica muito fácil.” O advogado de Goergen, Gustavo Paim, informou que a interpelação será feita “com a maior brevidade possível”, mas não precisou quando.

O nome de Goergen e de outros cinco políticos do PP gaúcho (quatro deputados federais e um ex-deputado) foram divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite da última sexta-feira (6), quando a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de inquéritos contra um total de 12 senadores e 22 deputados, além de outras lideranças políticas que estão sem mandato.

A divulgação da lista abriu uma crise sem precedentes no diretório gaúcho do PP, considerado o mais ‘poderoso’ do país. Isso porque ela abrange todos os deputados federais gaúchos do partido da legislatura passada (Goergen, José Otávio Germano, Vilson Covatti, Luiz Carlos Heinze, Afonso Hamm e Renato Molling). O único que não tem mandato atualmente é Covatti, que decidiu não concorrer à reeleição em 2014 para emplacar na vaga o herdeiro, Covatti Filho, e obteve sucesso. O presidente estadual do partido, Celso Bernardi, sugeriu que os parlamentares abram seus sigilos fiscais, bancários e telefônicos. Para definir medidas que minimizem o escândalo, foi convocada uma reunião do diretório para a tarde desta segunda-feira.