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Há uma nova correlação de forças que exclui o povo, diz Roberto Amaral

Ex-ministro alerta para golpe contra a Petrobras e contra os rumos da política brasileira

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O cientista político, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, em evento em defesa da Petrobras nesta semana, chamou a atenção para o golpe já em curso neste país, não só contra a Petrobras, mas também contra a política adotada nos últimos anos. O país é controlado hoje pela maioria conservadora do Congresso em "conluio" com três famílias donas da imprensa nacional, para impedir avanços sociais, disse. A única saída seria a unidade do povo brasileiro.

"Eu já vivi bastante para ver muito, em tempos passados, o que nós estamos vivendo hoje. E eu não quero voltar a viver o que eu vivi nos anos 1950, nos anos 1960", disse o ex-ministro emocionado para a plateia do Clube de Engenharia, no lançamento do manifesto da Aliança pelo Brasil. "Marx diz, repetindo Hegel, que a história não se repete, mas que Hegel se esqueceu de dizer que ela se repete, sim. Uma vez como farsa, outra vez como tragédia."

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Amaral destacou que os golpes costumam se dar no legislativo, no judiciário, na sociedade, no encontro da "direita vituperina" com a "imprensa desonesta", antinacional. Para Amaral, o Brasil já sofreu um golpe, pois o país não está mais no Estado que a população brasileira elegeu. 

"A direita assumiu o poder, quem dirige hoje este país é o conluio da maioria conservadora do Congresso com a imprensa nacional, quem dirige hoje a política deste país não é o Palácio do Planalto, quem dirige são as três famílias donas da imprensa e o seu representante no Congresso, o Sr. Eduardo Cunha", destacou.

Para Amaral, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB/RJ) está no Congresso para impedir os avanços sociais, um papel que assumiu não "apenas por ser corrupto", mas porque é "competentíssimo" para fazer a política da direita e impedir os avanços sociais. 

"Ele está lá para representar o que há de atraso, de primitivismo fundamentalista-religioso, está lá fundamentalmente para impedir a reforma política. Há uma nova correlação de forças neste país e, desta correlação de forças, nós, o povo brasileiro, fomos afastados. Compete a nós nos conformarmos com este afastamento, ou não. Compete a nós reagir ou não. Compete a nós dizer se estamos dispostos a viver o novo 4 de agosto ou o novo 1º de abril", alertou.

A única possibilidade de reverter este quadro, acredita, é a unidade do povo brasileiro, é sair para as ruas, capitaneados por entidades como o Clube de Engenharia, conversar empresariado nacional, que sabe que vai ser esmagado, com os trabalhadores, que sabem que vão perder seus empregos, e com os estudantes, que sabem que vai voltar o arrocho. "Ou o sistema ouve a voz do povo, ou nós ficaremos cerceados por muitos anos."

"A campanha contra a Petrobras já atingiu a Petrobras, e já atingiu no fígado. A campanha tem esse objetivo, mas também tem um outro, mudar os rumos da política brasileira, revogando a decisão política que este povo tomou no segundo turno das eleições, está ao esforço de desestabilizar a economia, de desestabilizar a ordem, desestabilizar o governo, desestabilizar a política, destruir a política", destacou, levantando ainda que para ele não importa quem assuma o Palácio do Planalto, mas, sim, que a política seja ditada por quem assumir, e não por forças externas. 

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